Título: País deixa de ser forte exportador de celulares
Autor: Oliveira, Eliane; Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 09/06/2011, Economia, p. 26

Antigos clientes passam a produzir aparelhos, que têm boa parte de matéria-prima importada

BRASÍLIA. Tradicional exportador de celulares, o Brasil, no mês passado, vendeu poucos aparelhos ao mercado estrangeiro, segundo números da balança comercial. Embora boa parte da sua matéria-prima seja importada, o Brasil perdeu fábricas para antigos clientes, como a Venezuela e a Argentina.

- Hoje, os celulares são um produto de exportação como outro qualquer. Em abril, houve uma queda acentuada. Se o dólar ficar neste nível, a mão de obra vai encarecer para nós. Aí, não dá para segurar - disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee), Humberto Barbato.

Região muito prejudicada pela concorrência desleal chinesa e pelo câmbio, o Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, tinha como forte a produção de calçados e produtos metal-mecânicos. Agora há uma mudança no perfil e o grande interesse dos investidores no local se concentra em pesquisa e tecnologia.

- Está havendo uma reconversão - diz o professor de Economia da Unisinos André Filipe Zago de Azevedo.

O diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mário Bernardini, destacou que a indústria brasileira de transformação está perdendo participação no PIB de forma prematura. Sua avaliação tem a concordância do economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza:

- Estamos acompanhando os dados da indústria e a evolução das importações de manufaturados, e observamos que nada mudou em relação ao ano passado (na tendência de importação). Para piorar, com o forte recuo de 2% da produção industrial em abril frente a março, a indústria vive, de fato, um momento de fragilidade. (Eliane Oliveira e Vivian Oswald)