Título: Sarney enquadra a Comunicação da Casa
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 12/08/2009, Política, p. 3

Fernando César Mesquita é fiel escudeiro do presidente do Senado há 25 anos

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), decidiu intervir nos veículos de comunicação da Casa. Anunciou, ontem, a troca da diretora da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secs), Ana Lúcia Novelli, no cargo desde abril, por um jornalista de sua extrema confiança, o cearense Fernando César Mesquita. A troca busca colocar um ¿freio de arrumação¿, segundo assessores de Sarney, nos 270 servidores efetivos e comissionados responsáveis pelo jornal, rádio, TV e agência de notícias do Senado. A aliados, Sarney confidenciou que considera os veículos da Casa muito independentes. O senador, no entanto, justificou a mudança como parte da reforma administrativa do Senado. ¿A troca não tem nenhuma relação com o comportamento da Ana Lúcia, que é uma funcionária exemplar¿, disse.

Nos bastidores, a história é outra. Segundo pessoas da própria Secretaria de Comunicação, a gota d¿água para a queda de Ana Lúcia teriam sido duas notícias veiculadas no site da Agência Senado que citavam protestos contra o presidente da Casa. Segundo aliados, Sarney considerou que Ana Lúcia tinha pouco controle sobre o setor. E que as medidas administrativas anunciadas pelo Senado têm tido pouco destaque nos veículos internos.

Parceria Para tentar desviar o foco das denúncias, Sarney apelou a um velho aliado. Com passagens por importantes órgãos de imprensa do país, o novo chefe da Comunicação conhece Sarney há 25 anos. Ele o acompanha desde antes de o cacique maranhense chegar ao Palácio do Planalto com a morte de Tancredo Neves. Mesquita foi porta-voz da Presidência, primeiro chefe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e governador da ilha de Fernando de Noronha. Mas prometeu que não vai interferir muito na Secs.

¿Não vou policiar nem censurar nada¿, afirmou Mesquita, negando qualquer tipo de intervenção nos veículos do Senado. ¿Como eu montei esse sistema, sei como funciona. Continuará sem nenhum tipo de privilégio. Se alguém criticar, o outro lado responde. Estamos aqui para mostrar o outro lado do Senado¿, disse.