Título: Para secretária, não é possível acabar com crimes
Autor: Benevides, Carolina; Corrêa, Evandro
Fonte: O Globo, 16/06/2011, O País, p. 13

Líder do MST acredita que assassinatos continuarão a ocorrer

BRASÍLIA e SÃO PAULO. A secretária nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki, disse ontem que o papel da Força Nacional de Segurança é apoiar as polícias dos estados. Ela lembrou que, legalmente, cabe aos governos estaduais garantir a ordem pública. Regina afirmou que o efetivo da Força Nacional está sendo reforçado no Pará, Amazonas e em Rondônia, nos locais de maior incidência de crimes ligados a conflitos agrários. A secretária admitiu que é "quase impossível zerar o crime":

- Se você me disser: é possível garantir a segurança de todas as pessoas que constam da lista de ameaçados? Vou dizer que é quase humanamente impossível. Temos uma lista de quase mil pessoas. E, para cada pessoa, precisamos de oito policiais. Isso significa um contingente quase equivalente ao da Polícia Federal. Então, a nossa intenção é aumentar a segurança coletiva.

Líder do MST defende marco legal na região

A ofensiva dos fazendeiros, que tentam ampliar os limites de suas terras na Amazônia, em especial no Sul do Pará, provocando assassinatos de lideranças camponesas, é "institucionalizada" pelo governo federal, conforme avaliação do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Charles Trocate, também dirigente estadual do movimento sem-terra no Pará.

- A regularização fundiária promovida pelo governo fomenta o conflito à medida que agudiza as contradições entre camponeses e grileiros. Na lei que regulariza 60 milhões de hectares na Amazônia não há procedimentos para assentamentos para a reforma agrária - disse Charles Trocate.

Para ele, ao contrário do que pretende o governo, com o envio de tropas da Força Nacional, os conflitos agrários vão se agravar e mais mortes devem acontecer caso não haja a implantação de um marco legal na região.