Título: Logo teremos marchas do racismo e do estupro
Autor:
Fonte: O Globo, 17/06/2011, O País, p. 10

Curitiba terá hoje passeata contra as drogas

Marcus Vinicius Gomes*

CURITIBA. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar as marchas da maconha, usando o argumento da liberdade de expressão, provocou polêmica em Curitiba. Há menos de um mês, o juiz Pedro Luis Sanson Corat, da Vara Central de Inquérito, proibiu a realização de uma dessas marchas alegando que haveria apologia às drogas. Foi a terceira vez que a manifestação foi vetada em Curitiba, desde o início do movimento. Mesmo assim, ela ocorreu com outros nomes, como Marcha da Liberdade.

Ontem, o secretário municipal antidrogas, Hamilton Klein, criticou a decisão do STF e afirmou que os ministros vivem em uma espécie de "país da Alice":

- Estou perplexo. Acho que o STF vive uma realidade diferente da maioria da sociedade. Se entende que o direito é o direito de qualquer um, então logo veremos também a marcha do racismo e a marcha do estupro.

Hoje, Klein encabeçará a 3ª Semana Antidrogas de Curitiba, com uma caminhada contra a legalização das drogas, que deve reunir cerca de 500 pessoas. Por temer confrontos com manifestantes a favor da legalização, o Ministério Público do Paraná pediu que a segurança seja feita pela guarda municipal.

Klein citou uma pesquisa com curitibanos, feita pelo instituto Paraná Pesquisas, apontando que 76% são contra a legalização das drogas e 22%, a favor:

Organizador da audiência pública contra a legalização da maconha, que ocorrerá hoje na sede da Câmara Municipal de Curitiba, o vereador e pastor evangélico Valdemir Soares (PRB-PR) lamentou a decisão do STF:

- O que vimos foram pessoas fazendo apologia das drogas, usando maconha durante a marcha, pregando a desobediência judicial, porque a manifestação foi proibida pela Justiça, e provocando o embate com policiais, porque houve o uso flagrante da droga.

À frente da Marcha da Maconha em Curitiba, o publicitário Shardie Casagrande comemorou a decisão do STF. Para ele, a decisão representa uma vitória de parte da sociedade que estava sem espaço para se expressar:

- Defendemos a legalização da maconha, o que implica a mesma regulamentação e os mesmos tributos que os fabricantes de cigarro e bebida recolhem.

* Especial para O GLOBO