Título: Demora do Cade afeta negócios, dizem produtores
Autor: Rodrigues,Lino
Fonte: O Globo, 19/06/2011, Economia, p. 28

Empresários mostram otimismo sobre aprovação da fusão

CHAPECÓ (SC). A indefinição do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a fusão entre Sadia e Perdigão começa a afetar os planos de investimentos dos "integrados", como são chamados os agricultores parceiros da Sadia na criação de frangos e perus em Chapecó e municípios vizinhos. O presidente do Sindicato dos Criadores de Aves do Estado de Santa Catarina (Sincravesc), Valdemar Vicente Kovaleski, disse que a expansão da atividade deles - e seus rendimentos - está sendo prejudicada pela demora.

Produtores procurados pelo GLOBO mostraram otimismo. Os irmãos Airton e Almir Atuatti, que criam leitões para a Sadia, esperam a definição do negócio para expandir a "maternidade" que rende R$110 mil líquidos por ano.

- A empresa nos fornece quase tudo (ração, matrizes, medicamentos). Trabalhamos em um negócio garantido - disse Airton, cuja granja fica no interior de Chapecó.

Dirceu Fae, que tem um aviário climatizado para 15 mil aves na vizinha Xaxim, investiu no ano passado R$70 mil para modernizar as instalações, que rendem R$11 mil a cada 45 dias. Sobre a fusão, disse que no início sentiu medo, mas depois "achou bom".

- Depois que soube o que seria essa união da Sadia com a Perdigão, achei que seria melhor para nós produtores.

"Se a marca Sadia tiver de ser vendida, será o caos"

Os empresários acreditam que o julgamento do Cade, adiado para 13 de julho, confirmará a fusão.

- Essa questão de preços e concentração, que o Cade tem colocado, é mercadológica. Nossa preocupação aqui em Chapecó é manter os agricultores no campo. A união das duas empresas fortifica e não prejudica o mercado - disse o prefeito de Chapecó, José Caramori (DEM).

Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó, João Stakonski, a fusão dará à BRF maior poder de barganha no mercado internacional. O crescimento das vendas externas, diz, vai obrigar a companhia a continuar investindo na renovação das fábricas e na produção:

- Se a fusão não se confirmar, teremos grandes problemas. Se a marca Sadia tiver de ser vendida ou parar de operar, será um caos para a cidade e seus mais de 6 mil funcionários. (Lino Rodrigues, enviado especial)