Título: Juro maior e liquidez, fatores a considerar
Autor: Justus, Paulo; Durão, Mariana
Fonte: O Globo, 25/06/2011, Economia, p. 21
SÃO PAULO e RIO. A decisão de investir hoje em imóveis deve levar em consideração fatores como a previsão de alta dos juros, que vai elevar o custo do crédito, e até a falta de liquidez, afirmam especialistas. Para o economista Ricardo José de Almeida, professor de finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), os imóveis se valorizaram muito desde o início da queda das taxas de juros, em 2003, quando o volume de crédito aumentou e a procura cresceu. Mas ele acredita que a nova rodada de alta da taxa básica de juros leve o investidor de volta a aplicações de maior rentabilidade, ainda que com maior risco:
¿ A preocupação do governo com a inflação resultará em juros mais altos novamente. O crédito ficará caro e a parcela de financiamento do imóvel, maior, o que fará o preço cair.
Almeida ressalta que, para lucrar no mercado imobiliário, é preciso habilidade e conhecimento das leis, para, por exemplo, lidar com um inquilino inadimplente.
Já o professor de Finanças da PUC-SP Fábio Gallo não acredita que investir em imóveis seja uma boa opção para estrangeiros ou brasileiros, devido ao problema da liquidez:
¿ Ninguém consegue transformar um imóvel em dinheiro de um dia para o outro. Em São Paulo, por exemplo, você pode adquirir um apartamento caro e perder dinheiro se ao redor surgir uma favela.
Mauro Sérgio Oliveira, economista e diretor-presidente da Oliveira Trust ¿ administradora de fundos imobiliários ¿, também aponta como dificuldades para investir em imóveis a recente alta de preços, principalmente em Rio e São Paulo.
¿ O mercado está muito aquecido. As pessoas veem conhecidos ganhando dinheiro e querem entrar. Mas é evidente que depois, de uma alta do porte que vimos, o investidor tem que ser cauteloso ¿ diz Oliveira.
Ele ainda vê oportunidades de ganho nas regiões com menor valorização, como Centro e Zona Norte do Rio. Outro cuidado a ser tomado pelo investidor, ressalta, é evitar um financiamento com o IGP-M como indexador, que pode se tornar impagável se a inflação desacelerar.
Oliveira diz que o termômetro para avaliar o retorno do investimento é o aluguel mensal: este deve corresponder a 0,5% do preço do imóvel residencial e a 0,8% do comercial.