Título: Itália vai aprovar pacote de austeridade
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Fonte: O Globo, 25/06/2011, Economia, p. 22

Portugal deve antecipar aplicação de medidas e anunciar outras novas

BRUXELAS. O governo italiano aprovará na próxima quinta-feira um pacote de austeridade para eliminar o déficit orçamentário em 2014, anunciou ontem o primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Já o governo português deve anunciar na próxima semana medidas que não estavam previstas no programa de ajuste financeiro negociado com União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. Lisboa também negociará a antecipação da implementação de outras medidas, como o pacote de privatizações, segundo o premier Pedro Passos Coelho.

O pacote italiano, que segundo fontes do Ministério da Economia terá valor aproximado de 43 bilhões, será precedido de uma reunião de líderes da coalizão governista na terça-feira para um acordo político em torno das medidas, afirmou Berlusconi em Bruxelas. O plano tem a meta de reduzir o déficit em aproximadamente 3 bilhões este ano, em 5 bilhões em 2012, em 20 bilhões em 2013 e em 15 bilhões em 2014.

Há muitas tensões na coalizão de centro-direita de Berlusconi. Alguns membros defendem cortes nos impostos, enquanto o governo prepara medidas para reduzir o déficit, que os mercados e as agências de classificação estão observando de perto. O déficit orçamentário da Itália deve ser de 3,9% do PIB este ano, menos que os 4,6% de 2010. Esses níveis são inferiores à maioria dos países da zona do euro, mas a dívida pública italiana, em cerca de 120% do PIB, é menor apenas que a da Grécia. Na semana passada a agência de classificação Moody¿s ameaçou reduzir a classificação de crédito da Itália nos próximos 90 dias, citando debilidades estruturais e preocupações com as condições de financiamento de países com dívida elevada.

Já o premier português disse em Bruxelas que o adiantamento do calendário de aplicação de medidas de austeridade pode acontecer ¿sobretudo na área da reforma estrutural e no pacote de privatizações¿. Passos Coelho não deu detalhes, mas admitiu que, além de algumas das medidas que constam do programa negociado, poderão ser decididas outras complementares.