Título: Forças sírias matam 15 manifestantes
Autor: Malkes, Renata
Fonte: O Globo, 25/06/2011, O Mundo, p. 28
Presença de soldados perto da fronteira estremece relacionamento com a Turquia
REFUGIADOS SÍRIOS protestam contra Bashar al-Assad em campo próximo da fronteira com a Turquia
DAMASCO. Forças de segurança do presidente Bashar al-Assad mataram ao menos 15 manifestantes ontem em protestos contra o governo em Homs, a terceira maior cidade do país, em Kiswa ao sul de Damasco, e no distrito de Barzeh, na capital. Em mais um sinal da condenação internacional à repressão, a União Europeia anunciou a inclusão de três comandantes da Guarda Revolucionária do Irã, acusada de auxiliar no ataque a dissidentes, nas sanções econômicas adotadas contra o país. Com a adição de outros quatro oficiais sírios, a lista de alvos de restrições chega a 34 pessoas e entidades, como o presidente e seus principais comandantes. A Síria nega ter recebido ajuda do Irã.
Mesmo diante da escalada gradual de crítica e sanções da Europa e dos EUA, o total de mortos pela repressão do governo já chega a 1.300 civis nos cálculos de ativistas de direitos humanos. Nos protestos de ontem, manifestantes em Irbin, subúrbio de Damasco, gritavam: ¿Diga ao mundo que Bashar não tem legitimidade¿. A TV estatal atribuiu as mortes à ação de grupos armados que estariam por trás da violência no levante dos últimos três meses.
Apesar das condenações públicas ao regime de Assad, as lideranças ocidentais não manifestaram a intenção de ir além das restrições econômicas, como fizeram com a intervenção da Otan, a aliança militar ocidental, contra as forças do ditador líbio Muamar Kadafi. O levante estremeceu as relações do país com a Turquia, que já recebeu mais de 10 mil refugiados sírios. O assunto foi discutido pelo primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, com o presidente dos EUA, Barack Obama.
A secretária de Estado, Hillary Clinton, comentou ontem o relato de que forças sírias teriam atacado a cidade de Khirbat al-Joz a apenas 500 metros da fronteira com a Turquia.
¿ A menos que as forças sírias parem imediatamente seus ataques e suas provocações que agora não estão afetando apenas seus cidadãos, mas (levantando) a possibilidade de choques nas fronteiras, vamos ver uma escalada de conflitos na área ¿ disse Clinton.
Em Ancara, o ministro de Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, se reuniu com militares para discutir possíveis cenários caso os soldados tentem impedir a partida de refugiados.