Título: Presidente da OAB defende mudança
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 20/06/2011, Rio, p. 13

Para deputada, tema deve ser discutido por toda a sociedade em plebiscito

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A desmilitarização do Corpo de Bombeiros é um tema que divide opiniões de especialistas. Atualmente, a corporação tem no Rio 5.608 homens com cadastro de armas de uso pessoal, o equivalente a um terço dos 16.550 praças e oficiais do estado, conforme O GLOBO noticiou ontem. O presidente da Seção Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Wadih Damous, é a favor do desarmamento desses profissionais e acredita que a mudança poderia trazer benefícios para a própria instituição.

- Não se trata de uma questão essencial na função, eles só são militarizados por força de lei. Acho que deve, sim, ser modificada a Constituição, já que não há nenhum benefício ao trabalho deles e ainda traz problemas, como no caso recente da greve da categoria por melhores salários, em que uma reivindicação é tratada como motim - avalia Damous.

A deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ) acredita que a questão poderia ser tratada em um plebiscito:

- É um assunto que mexe com toda a sociedade. Seria importante ouvir as diferentes posições para decidir sobre uma eventual mudança.

Bombeiro pode ter até três armas no Rio

Pelas normas internas dos bombeiros do Rio, um membro da corporação pode ter até três armas, apesar de ser proibido usá-las em serviço: uma de porte, que pode ser um revólver 38 ou uma pistola 380, e duas de caça, sendo uma de alma lisa (espingarda por exemplo) e outra de alma raiada (carabina).

O deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ) também acredita que os bombeiros seriam beneficiados se fizessem parte de uma organização civil:

- Não vejo razão para os bombeiros continuarem sendo militares em nosso país. Além de não fazer sentido, isso só os atrapalha, por estabelecer limites muito estreitos para sua organização como categoria, como mostrou sua recente mobilização.

Líder grevista defende modelo atual

O capitão Alexandre Machado Marchesini, do Grupamento Operacional Para Tecnologias Avançadas (Gota) e um dos líderes do movimento grevista do Rio, é a favor da manutenção do modelo atual.

- Com o militarismo, existe uma gerência. Em um incêndio, por exemplo, se não fosse uma determinação militar, será que os homens que estão sob minha tutela entrariam em um prédio em chamas arriscando suas vidas? - diz o capitão. que reconhece que a mudança poderia trazer algumas melhorias. - Se não fosse militarizado, poderia existir um processo de profissionalização no Corpo de Bombeiros. Pessoas qualificadas ficariam alocadas nos seus devidos setores. No organismo militar, podemos servir fora de nossas funções e especialidades.