Título: Rendimento médio do trabalhador volta a subir
Autor: Durão, Mariana
Fonte: O Globo, 23/06/2011, Economia, p. 23
Aumento real foi de 1,1%, maior taxa para o mês de maio desde 2002. Desemprego ficou estável em 6,4%
As medidas de restrição à atividade econômica ainda não chegaram ao mercado de trabalho. Em maio, a taxa de desemprego medida pelo IBGE em seis regiões metropolitanas do país foi de 6,4%, estável em relação a abril e a menor para um mês de maio desde 2002. Houve melhora na comparação com maio de 2010, quando a taxa de desocupação foi de 7,5%. Após queda em abril (-1,8%), o rendimento médio real do trabalhador subiu: R$1.566,70, valor mais alto para o mês em nove anos. A alta da renda média foi de 1,1% ante abril e de 4% sobre maio passado.
Para especialistas, os números revelam um mercado de trabalho ainda vigoroso e capaz de pressionar a inflação.
- A economia começa a desacelerar de forma gradual. O mercado de trabalho é o último a sentir e pode ser um fator de sustentação da demanda e preocupação para o Banco Central - diz Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados.
Indústria e construção lideram rendimentos em maio
Segundo Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE, o ritmo de crescimento da população ocupada não foi suficiente para atender à demanda, o que explica a estabilidade da taxa de desemprego. Ele avalia, porém, que o indicador já poderia ter recuado, não fosse o aumento da desocupação no Rio (de 4,8% para 5,4%) e em Porto Alegre (de 4,6% para 5,1%) em maio.
- O esperado ponto de inflexão (redução) da taxa ainda não aconteceu, embora em algumas regiões o mercado dê sinais de que está ligando as máquinas - diz Azeredo, referindo-se às contratações na indústria de São Paulo (49 mil) e Belo Horizonte (30 mil).
A retomada do rendimento em maio foi puxada por indústria (3,8%), construção (6,6%) e comércio (3,4%). O aperto no mercado de trabalho e a inflação mais baixa no período ajudaram. O economista Fabio Romão, da LCA Consultores, lembra que maio concentra grande parcela de dissídios salariais, caso da construção civil. A LCA elevou de 1,7% para 2,3% sua projeção de alta da renda real no ano, ante 3,8% em 2010.
- A desaceleração é mais lenta que o esperado - diz Romão, que projeta taxa anual de desemprego de 6,2%, abaixo dos 6,7% de 2010.
O mercado formal continua firme, representando 48,2% da população ocupada. O número de trabalhadores com carteira cresceu 6,7% na comparação anual, mais de 676 mil postos.