Título: Deputados ameaçam parar votações
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Fonte: O Globo, 29/06/2011, O País, p. 4
Aliados cobram liberação de emendas; Ideli tenta conter rebelião na Câmara
BRASÍLIA. A base aliada chegou a dar um ultimato ao governo, ontem, e ameaçou não votar nem mesmo o RDC (Regime Diferenciado de Contratações) da Copa. Em um almoço indigesto, no apartamento do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ouviu de líderes governistas que as votações seriam paralisadas com o cancelamento do decreto de liberação de R$4,6 bilhões em emendas.
- Fiz um apelo a Ideli. Essa é uma insensibilidade enorme da equipe econômica. Estamos segurando há dois anos a votação da Emenda 29 para ajudar o governo. Não posso negar: se esse decreto não for prorrogado, haverá um mal estar muito grande na Câmara. Dessa forma, os líderes não vão controlar suas bases - advertiu Henrique Alves.
Após apelo de Ideli, os líderes assumiram o compromisso de votar o RDC - a MP caduca dia 14 de julho e precisa ir ao Senado. Mas no início da noite, os líderes não conseguiram segurar suas bancadas e os deputados iniciaram uma "operação tartaruga", com o objetivo de dar uma demonstração de força.
- Existe uma apatia dos deputados. Há grande insatisfação por causa do cancelamento das emendas de 2009. O clima está insustentável. Não sei se consigo garantir a bancada. Os deputados decidiram fazer uma "operação tartaruga" - disse o líder do PR, Lincoln Portela (MG).
A ministra Ideli Salvatti começou cedo as conversas com os parlamentares. Reuniu-se com a bancada do PT, aliados e a bancada feminina, que cobrou a liberação de emendas. Ideli também foi ao Senado.
- Preciso gastar sola de sapato. O resultado do gasto de tanta sola eu verei na votação do RDC - disse a ministra.
Durante o encontro com 23 deputadas, Ideli repetiu o discurso de Dilma.
- Nessa questão de prorrogar o decreto, a leitura pode ser: já estão começando a afrouxar. Temos questões econômicas centrais neste momento.
No encontro com petistas, Ideli falou da preocupação com projetos polêmicos e recomendou cuidado especial com a Emenda 29 - que define gastos com a saúde - e a PEC 300, que fixa piso salarial para bombeiros, policiais militares e civis.