Título: PV não se move para manter Marina
Autor: Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 29/06/2011, O País, p. 9
Comando do partido considera saída de ex-senadora fato consumado
SÃO PAULO. O grupo do presidente do PV, José Luiz Penna, não deve tomar qualquer atitude para evitar que a ex-senadora Marina Silva deixe o partido na próxima semana. Com as ressalvas de que em política tudo pode mudar na última hora, aliados do dirigente dão a entender que a saída da ex-presidenciável é um fato consumado. Penna tem evitado declarações públicas sobre a crise na legenda.
- Conversa é da política, mas a vontade das pessoas tem que ser respeitada. Ninguém pode obrigar ninguém a nada. Você pode exigir que alguém fique casado com você se a pessoa não quer? - questiona Vera Motta, secretária de assuntos jurídicos do partido e uma das principais aliadas de Penna na Executiva Nacional.
O deputado federal Sarney Filho (MA), líder da bancada verde na Câmara e também ligado ao presidente do partido, afirma ainda ter esperanças de que a posição de Marina mude, mas reconhece que uma reviravolta é difícil. Apesar de declarar que tem tentado conversar com os dois lados envolvidos na crise, Sarney Filho lava as mãos quanto a assumir o papel de conciliador:
- Longe de mim. Sou homem do parlamento, não sou homem da burocracia.
Entre os aliados de Marina, a esperança de que o quadro seja revertido é pequena.
- Até agora, não vejo indício que essa burocracia que domina o partido tenha interesse de atender as questões que colocamos - disse o deputado federal Alfredo Sirkis (RJ), que estuda como se afastar da legenda sem colocar em risco o mandato.
Marina e seus aliados cobram da direção do PV a realização de convenção para definir o comando da legenda. Para isso, Penna, que preside o partido há 12 anos, teria que abrir mão do posto. Fora do partido, Marina, que viaja hoje para a Alemanha, pretende criar um movimento que tenha como bandeiras a cidadania e a sustentabilidade, que não prevê a fundação imediata de uma nova legenda.