Título: Graziano: alimento continuará caro
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Fonte: O Globo, 28/06/2011, O País, p. 11

Previsão é do brasileiro na primeira entrevista como diretor-geral da FAO

ROMA. O recém-eleito diretor-geral da FAO - órgão da ONU para a alimentação e agricultura -, José Graziano, disse ontem que os alimentos provavelmente continuarão caros nos próximos anos, o que pode causar problemas para os países importadores.

- Isso tem relação com os mercados financeiros, e até alcançarmos uma situação financeira mundial mais estável, os preços das commodities vão refletir isso - disse o brasileiro, na primeira entrevista coletiva.

Os países pobres que precisam importar alimentos serão os mais afetados, e Graziano disse desejar que a FAO se empenhe mais em ajudá--los.

- Para os próximos anos, esta será uma área relevante, na qual a FAO pode desempenhar um papel importante de ajudar esses países a lidar com essa volatilidade - afirmou José Graziano.

A volatilidade, acrescentou ele, pode ser ainda pior para agricultores e consumidores do que uma alta permanente dos preços, por causa da incerteza que gera.

Os preços dos alimentos no mundo bateram novos recordes neste ano, principalmente por causa de incidentes climáticos, reavivando as lembranças da onda inflacionária de 2007/2008, que gerou distúrbios em países como Egito, Haiti e Camarões.

Graziano disse que uma reunião do G20 (grupo de países desenvolvidos e emergentes) neste mês começou a tratar de maneiras para controlar a volatilidade de preços, e que a implementação das decisões tomadas deverão contribuir para melhorar a situação.

O plano de ação adotado na semana passada pelo G20 inclui medidas para ampliar a produção agrícola, a transparência dos mercados alimentícios e a coordenação política, mas ficou de fora um apelo da França por repressão a especuladores.

Graziano disse que o apoio dos países membros será crucial para que a FAO lide de forma eficaz com o combate à fome e a preservação da segurança alimentar no mundo.

Ele defendeu também mais monitoramento e preparação contra desastres naturais em regiões cruciais para a segurança alimentar, como o Caribe e a América Central.