Título: Muita maquiagem e pouca reforma
Autor: Bloch, Arnaldo
Fonte: O Globo, 01/07/2011, O Mundo, p. 27

Mehdi Lahlou, dirigente do Partido Socialista Unificado (PSU), propõe o boicote ao referendo sobre a Constituição no Marrocos. Para o doutor em Economia pela Universidade de Sorbonne, o projeto traz poucas reformas, e o Palácio não quer abrir mão do poder que ostenta.

Do El País

Quais as semelhanças da Constituição com as das monarquias parlamentares europeias?

MEHDI LAHLOU: A Constituição não se parece em nada com as que regem essas monarquias. É preciso ler nas entrelinhas. Há muita maquiagem e poucas reformas. Ela coloca todos os poderes nas mãos do rei.

Por que a Constituição não foi redigida por uma Assembleia Constituinte eleita?

LAHLOU: Porque o Palácio Real não quer reduzir o poder que ostenta. A direção foi definida pelo comitê político, presidido por um conselheiro real, Mohamed Moatassim. Este mecanismo levou o PSU a não participar.

O PSU foi uma exceção...

LAHLOU: Nossa voz só foi consultada e, além disso, foi isolada das que diziam o contrário, como as dos socialistas, do PPS (ex-comunistas), o Istiqlal (nacionalista), o PJD (islamistas na oposição). Os três primeiros estão dispostos a fazer todas as concessões, e o PJD incluiu a referência ao Estado islâmico.

Os protestos continuarão?

LAHLOU: As manifestações incluirão o rechaço à Constituição. O futuro depende da abstenção, do percentual de ¿sim¿ e ¿não¿ e das condições de votação.