Título: Fundos de ações foram pior aplicação de junho
Autor: Carneiro, Lucianne
Fonte: O Globo, 01/07/2011, Economia, p. 24

Perda foi de 5,25% no mês. No ano, FGTS-Petrobras fica na lanterna, despencando 15,80%

Os investidores que destinaram seus recursos para fundos de ações indexados ao Ibovespa - índice que é referência do mercado e reúne as ações mais negociadas na Bolsa - foram os que registram maior perda em junho. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) até o dia 27 de junho, a rentabilidade desses fundos ficou negativa em 5,25%. A mesma queda foi registrada nos fundos FGTS-Petrobras. Em junho, o Ibovespa recuou 3,43%.

No primeiro semestre de 2011, a pior aplicação financeira foi o FGTS-Petrobras, que teve desvalorização de 15,80%, seguida pelos fundos indexados ao Ibovespa, com recuo de 12,01%, também considerando os dados até 27 de junho. Os investidores dos fundos FGTS-Vale também acumulam perdas de 3,50% em junho e 11,34% no ano, acompanhando o movimento dos papéis da mineradora.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perdeu 9,96% este ano. Em dólares, a queda foi de 4,31%, segundo dados da agência Bloomberg, o pior desempenho entre as principais Bolsas americanas, europeias e asiáticas.

- A Bolsa brasileira já vinha com preços altos. E tivemos neste primeiro semestre problemas com a Petrobras e a Vale, que são carros-chefes da Bovespa, além da forte preocupação com a inflação - afirmou o administrador de investimentos Fabio Colombo.

Para o gestor de renda variável da Máxima Asset Management, Felipe Casotti, a Bovespa ainda enfrentará dificuldades nesta segunda metade do ano. Na sua avaliação, a inflação foi a principal razão para o descolamento do mercado externo. Mas o agravamento da situação da Grécia e o possível contágio na Europa também deve influenciar daqui para a frente:

- A Europa é uma bomba-relógio. A aprovação da reforma na Grécia adiou um problema, mas a situação ainda é delicada.

Renda fixa ganha das aplicações em Bolsa

Diante do desempenho desfavorável da renda variável, as melhores aplicações financeiras foram aquelas ligadas às taxas de juros. Os fundos de renda fixa (prefixado) renderam 0,76% em junho, somando 5,82% no ano. Já os fundos DI ganharam 0,83% no mês passado e 5,47% em 2011.

A caderneta de poupança rende, no ano, 3,61%.

Com a inflação em alta, no entanto, a rentabilidade das aplicações foi prejudicada. A inflação medida pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) - considerada a inflação do aluguel - registrou deflação de 0,18% em junho, a primeira desde 2009, mas acumula alta de 3,15% no ano, corroendo os ganhos dos investidores.

- A tendência é que os investimentos ligados a juros sejam os líderes em ganhos no ano. Mas na verdade a rentabilidade está sendo reduzida pela inflação, que deve ter apenas um pequeno alívio nos próximos dois, três meses - disse Fabio Colombo.

Os fundos cambiais - que acompanham a variação do dólar e do euro, além da taxa de juros - renderam 1,19% em junho, até o dia 27. No ano, acumulam perda de 2,18%. Para se ter uma ideia, o dólar registrou desvalorização de 1,13% no mês passado, acumulando recuo de 6,24% em 2011.