Título: Risco de moratória pesa sobre EUA
Autor: Rosa, Bruno; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 02/07/2011, Economia, p. 29
Para Krugman, estratégia de republicanos é `extorsão pura e simples¿ do governo
WASHINGTON e NOVA YORK. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos alertou ontem que o Congresso tem um mês para elevar o teto da dívida federal ou o governo entrará em moratória. Os EUA alcançaram seu limite de endividamento, de US$14,3 trilhões, em maio, e o governo só tem conseguido cumprir seus compromissos graças a manobras contábeis do Tesouro.
Em um informe mensal, o Tesouro confirmou que em 2 de agosto vence o prazo para elevação do teto. O Senado cancelou o recesso de 4 de julho, Dia da Independência, para discutir o déficit e o teto da dívida. Mas o governo Barack Obama espera que haja um acordo até 22 de julho, afirmou um parlamentar democrata ao ¿Wall Street Journal¿. Ele explicou que serão necessárias de uma a duas semanas para cumprir todas as etapas a fim de evitar um calote em 2 de agosto.
O Partido Republicano tem usado o teto da dívida como moeda de troca para conseguir do governo o corte de gastos sociais, em lugar de impostos maiores sobre grandes empresas, para reduzir o déficit.
O tema foi abordado ontem pelo colunista do ¿New York Times¿ Paul Krugman, que classifica a tática republicana de ¿extorsão pura e simples¿. ¿Como afirmou Mike Konczal, do Instituto Roosevelt, os republicanos vieram com um taco de beisebol e disseram: `Bela economia você tem aqui. Seria pena se algo acontecesse com ela¿¿.
Krugman vê risco de o Congresso não elevar o teto do endividamento, o que provocaria, na melhor das hipóteses, uma desaceleração da economia, e, na pior, uma nova recessão. Segundo o colunista, os republicanos esperam que Obama ceda de novo, como cedeu na prorrogação dos cortes de impostos.
A resolução do impasse pode marcar o fim da gestão de Timothy Geithner à frente do Tesouro. O secretário disse a Obama que gostaria de deixar o cargo porque sua família vai se mudar para Nova York.