Título: Aliados veem estabilidade. Oposição critica
Autor: Beck, Martha; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 03/07/2011, Economia, p. 37

Para o DEM, nos 6 meses houve "zero de mudança". Fazenda destaca controle da inflação

BRASÍLIA. Integrantes do governo e parlamentares da base aliada fazem um balanço positivo do primeiro semestre de Dilma Rousseff. Para eles, foi essencial que a equipe econômica se concentrasse em problemas graves que poderiam comprometer o crescimento, como pressões inflacionárias e derretimento do dólar. Todas destacam também que a presidente conseguiu apresentar programas importantes, como o de formação de mão de obra (Pronatec) e o Brasil sem Miséria. Para a oposição, porém, a falta de uma nova agenda indica uma decepção com o governo Dilma.

- Zero de mudança. Esperava-se que ela se espelhasse no presidente Lula, mas não vieram as propostas de desoneração da folha, reforma tributária. Os seis meses de Dilma foram de MPs velhas e mais nada. Não tem nenhum projeto importante que tenha sido analisado - resumiu o líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA).

- No início do ano, as pessoas estavam preocupadas com aumento da inflação, se havia ou não superaquecimento da economia e se o governo ia cumprir sua meta fiscal. Seis meses depois, há uma confirmação da continuidade da estabilidade econômica com crescimento - rebateu o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.

Sobre a demora para encaminhar temas prometidos em campanha, Barbosa disse que o primeiro semestre serviu para amadurecer o debate:

- Na reforma tributária, por exemplo, houve um processo de construção nesse primeiro semestre, ouvindo as principais partes interessadas. Agora estamos em processo de definição da proposta do governo a ser encaminhada ao Congresso. O mesmo aconteceu com desoneração da folha. Já o Super Simples teve várias discussões com a frente parlamentar e estamos próximos de chegar a um consenso - afirmou.

O discurso dos líderes governistas é o de que o governo Dilma é de continuidade e não de ruptura e que, por isso, não há problema em a agenda ser praticamente antiga. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), minimizou o fato de a pauta da Câmara ter ficado trancada por uma enxurrada de medidas provisórias e que o semestre terminará da mesma forma.

- Temos só seis meses de governo. A presidente fez o Plano de Combate à Miséria, o Minha Casa, Minha Vida 2. Não vejo problema (em a pauta ficar com MPs e temas antigos), o semestre foi muito positivo. O alvo do governo foi conter o risco da inflação. O governo não era de ruptura, é de continuidade - disse Vaccarezza.

Líder no Senado: no Congresso, houve represamento de MPs

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), faz a mesma defesa.

- No Congresso, houve um represamento de MPs, mas a gente votou tudo que era importante, como o salário mínimo. Não se deixou de votar nada que impactasse o governo. Estamos com a pauta em dia no Senado. E é um governo de continuidade. As coisas continuam andando - afirmou.

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, deixou claro na quinta-feira, em conversa com grupo de jornalistas, que a preocupação na Câmara nos seis primeiros meses do ano foi acima de tudo evitar a aprovação da chamada "pauta bomba", que inclui projetos que geram mais gastos, como a PEC 300, que trata de um piso nacional para os policiais militares. (Martha Beck e Cristiane Jungblut)