Título: Abro mão de direitos vitalícios
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Fonte: O Globo, 07/07/2011, Economia, p. 24

No Twitter, Abilio Diniz volta a defender fusão

Ronaldo D"Ercole

SÃO PAULO. O presidente do Grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz, voltou a usar ontem o Twitter para defender a proposta de fusão com o Carrefour. Em nota repassada a seus 106,7 mil seguidores, o empresário repassou o link de um artigo escrito por Eduardo Rossi, consultor da Península Participações, empresa da família Diniz. "Sobre a proposta de fusão com o Carrefour, indico a leitura deste artigo", escreveu o empresário.

O texto, intitulado "As razões de Abilio Diniz", diz que a polêmica sobre o assunto é injustificada e que o empresário "pensou com a cabeça de todos os acionistas, ao facilitar a apresentação dessa proposta". Ele cita que o balanço final seria positivo para todos e que o próprio empresário teria de abrir mão de direitos pessoais para que o negócio fosse fechado. Essas concessões foram as mesmas mencionadas por Diniz em entrevista publicada ontem no GLOBO.

"Ao apoiar essa operação, abro mão de direitos vitalícios como a presidência do Conselho de Administração do Pão de Açúcar, o direito de escolha do CEO a partir de uma lista tríplice, o direito de vetos importantes e preferência de compra, caso o Casino decida vender suas ações", afirmou.

No artigo, o consultor defende a legalidade da negociação com o Carrefour, argumentando que o empresário "cumpriu com o dever fiduciário de tentar trazê-la para a deliberação dos acionistas da sua companhia". Rossi diz que Diniz não fechou um negócio, mas abriu um canal para que a proposta pudesse ser analisada pelos sócios do Grupo Pão de Açúcar.

Diniz foi acusado por seu sócio francês, o Casino, de ter quebrado o acordo de acionistas do Grupo Pão de Açúcar ao negociar "secretamente" com o Carrefour. Desde o anúncio da proposta, feito na semana passada, o Casino já entrou com dois pedidos de arbitragem na Câmara de Comércio Internacional (CCI), ambos contra Diniz.

O francês que dirige o Casino, Jean-Charles Naouri, disse na terça-feira que a negociação com o Carrefour não está em conformidade com a boa prática nos negócios e que contradiz o item 2.1.1 do acordo de acionistas. O artigo estabelece que cada um dos sócios se compromete a não prejudicar o controle da Wilkes Participações, que reúne as ações ordinárias (com direito a voto) da família Diniz e do Casino no Grupo Pão de Açúcar.

O Casino também aponta o artigo 14.1 do acordo, que cita o dever dos sócios de comunicarem um ao outro, prontamente, qualquer negócio "diverso do negócio varejista de alimentos".