Título: A hora e a vez do f-commerce
Autor: Machado, André
Fonte: O Globo, 07/07/2011, Economia, p. 23

Comércio nas redes sociais deve faturar US$4 bi este ano. Novidade chega ao Facebook brasileiro

O FUTURO MOSAICO do Meu Shopping no Facebook: cada loja é independente

Depois do e-commerce, a bola da vez é o f-commerce ¿ comércio eletrônico dentro das redes sociais, especialmente o Facebook, com seus 750 milhões de usuários, que compartilham 4 bilhões de itens (entre textos, fotos, vídeos e músicas) por dia. Atualmente, o f-commerce já responde por 20% das vendas de e-commerce de grandes marcas nos Estados Unidos. E as projeções de faturamento do mercado de social commerce em geral no mundo são de US$4 bilhões este ano e de US$30 bilhões em 2015. Somente nos Estados Unidos, as estimativas ficam em US$1 bilhão para este ano e em US$15 bilhões para 2015.

Atenta a esse mercado, a desenvolvedora carioca E-Like acaba de abrir um shopping virtual dentro do Facebook, todo em português. Chama-se Meu Shopping (www.facebook.com/ meushopping) e, segundo os diretores da E-Like, Tatiana Albuquerque e Flávio Berman, incluirá, num primeiro momento, 13 lojas: Enoteca Fasano, Hope, Pepper e Maria Bonita Extra (já no ar, em beta); e Cantão, Redley, Richards, Sack¿s, Reserva, Glamour, Mara Mac, Salinas e Castelinho (agendados para ir ao ar na próxima semana).

¿ O Facebook é como Ipanema, é o metro quadrado mais valorizado da internet ¿ diz Tatiana. ¿ Nos EUA, os internautas já passam nele um terço de seu tempo de navegação web.

O Meu Shopping funciona como um aplicativo do Facebook. O usuário tem que dar permissão ao programa para acessar suas informações. Cada loja é independente, e é preciso ¿curti-la¿ antes de entrar em seu ambiente. No mais, o processo de compra na rede é normal, só que tem todas as vantagens sociais do Facebook. O pagamento, por ora, é somente com cartão.

¿ Ao concluir uma compra, o usuário é convidado a compartilhar o que adquiriu no seu mural ¿ explica Berman. ¿ E, em nossos templates, adicionamos funções que aumentam essa característica social, como o E-Gift, que é um presente em dinheiro que um usuário pode enviar a um amigo do Facebook para gastar numa loja.

Outra função do shopping (que cada loja pode escolher implementar ou não) é o botão Quero.

¿ O usuário vê um produto, gosta e pode apertar esse botão para mostrar que o deseja ¿ diz Tatiana. ¿ E, juntando seus produtos favoritos, pode criar uma lista (Meus Queridos), compartilhável com os amigos.

Aniversários, presentes e vendas

Naturalmente, a função ¿curtir¿ do Facebook também vale para os produtos e pode ajudar, com o Quero, a formar sugestões de presentes para os amigos. Não por acaso, o Meu Shopping tem em sua barra inicial uma função que mostra a proximidade dos aniversários de amigos, a qual poderá apontar sugestões de acordo com o gosto de cada um.

¿ Pretendemos acoplar mais funções a essa barra com o passar do tempo ¿ diz Berman.

Segundo especialistas, o social commerce é uma evolução do comércio eletrônico, uma vez que a internet trata cada vez mais de conectar pessoas e não só sites.

¿ A World Wide Web e o HTML por trás do e-commerce representam uma compra relativamente solitária ¿ comenta Tatiana. ¿ Já a programação do Facebook é mais aberta, visando os cruzamentos entre usuários.

Inicialmente, diz ela, a estratégia das empresas foi criar fan pages no Facebook e outras redes, mas, depois de a marca atingir determinado patamar, passaram à ação, construindo links com a rede.

¿ Muitos sites já permitem que você entre em seus serviços com as credenciais (login e senha) do Facebook, associando-os ao compartilhamento natural da rede ¿ explica Berman. ¿ Mas nós preferimos fazer o contrário: construir um negócio diretamente de dentro do ecossistema social.

Para o próprio Facebook, que recentemente começou a estabelecer suas políticas para o comércio social, a tendência é a essência do ganha-ganha, sintetiza Tatiana.

¿ Ele se monetiza através do aumento do tráfego com as lojas, que chama ainda mais publicidade para seus membros ¿ diz.

Para Angélica Marchi, diretora geral da divisão comercial do Enoteca Fasano, o objetivo da marca no Meu Shopping é se integrar às redes sociais e estar mais perto do público.

¿ Queremos atrair os jovens, que cada vez mais tem se interessado por vinhos, e também interagir mais com os usuários do Facebook. ¿ diz Angélica. ¿ Inclusive, mesmo com o shopping em teste, nesses primeiros dias, já fizemos algumas vendas.

`Aposta natural¿ para lojistas na web

Para Pórtia Dourado, gerente de comércio eletrônico da Pepper, especializada em produtos de utilidade doméstica e acessórios de mesa, a ¿aposta no Facebook é natural¿ para quem está na rede.

¿ Esta é a segunda fase do comércio eletrônico, no qual já estamos desde o fim dos anos 90 ¿ conta Pórtia. ¿ Não dá para ficar fora do Facebook, seja na vida social ou nos negócios. E o segredo de toda venda é o relacionamento com o cliente. Estar numa rede social nos proporcionará um contato mais caloroso com ele.