Título: Imprensa estrangeira destaca saída de ministro
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 08/07/2011, O País, p. 9

Jornais relembram ainda queda de Palocci

Ao noticiar a demissão de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes, jornais estrangeiros destacaram que sua queda ocorre menos de um mês depois da saída de Antonio Palocci da Casa Civil. A maioria ressaltou que a situação de Nascimento era delicada após denúncias na "Veja" e que ficou insustentável depois da publicação de reportagem do GLOBO que mostrou que o patrimônio da empresa de Gustavo Morais Pereira, filho do então ministro, aumentou 86.500% em menos de três anos.

O espanhol "El País" lembrou que a presidente Dilma Rousseff já concluíra que o Ministério dos Transportes estava "descontrolado". Para o jornal, Dilma sabe que a lealdade de seus seguidores é frágil e "deve ser alimentada com favores e posições". "Uma maior intransigência contra a corrupção poderia criar a Dilma graves problemas na hora de governar e tomar decisões. Ela sabe disso, e quem a conhece garante que a presidente está disposta a pagar essa conta antes de parecer débil em matéria de corrupção", diz o jornal.

O argentino "Clarín" disse que, embora esta não seja uma crise tradicional porque não afeta o partido da presidente, Dilma terá que reconstruir sua base aliada para manter o governo em funcionamento. O também argentino "La Nación" lembrou que o Ministério dos Transportes é o responsável pela infraestrutura para a Copa de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016. Em outra reportagem, o "La Nación" disse que a "herança maldita" dá um novo golpe em Dilma. A expressão é uma referência às palavras ditas várias vezes pelo ex-presidente Lula para criticar o seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.

O americano "The Washington Post" noticiou que o ministério é responsável por um orçamento de milhões de dólares. O "Wall Street Journal" disse que, antes da demissão, Nascimento tinha concordado em cooperar com as investigações.

O jornal francês "Le Monde" afirmou que Nascimento tentou estancar a crise quando informou que todas as licitações do ministério estavam suspensas por 30 dias. Mas, diante de novas denúncias, a situação dele se complicou.