Título: Blairo arrepia!?
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 08/07/2011, Panorama Político, p. 2

O senador Blairo Maggi (PR-MT) está com medo de assumir o Ministério dos Transportes. Sondado pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ele teme que seus negócios e empresas sejam afetados. Quem conversou com Blairo conta que ele ora diz que está avaliando, ora que não vai. Os dirigentes do partido querem um político no cargo, mas são cautelosos e repetem: "O Ministério é da presidente, e quem nomeia é ela (Dilma)".

A luta política na oposição

Os tucanos estão divididos em dois grupos sobre como fazer oposição ao governo Dilma. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e o senador Aécio Neves defendem a construção de um novo programa para o partido. O ex-governador José Serra e seus aliados sustentam que os tucanos precisam fazer uma ferrenha oposição ao governo petista. O debate é acalorado. Hoje a maioria rejeita a linha defendida por Serra. Eles alegam que o paulista está cobrando valentia de seus correligionários, mas quando teve oportunidade, na campanha eleitoral, colocou o presidente Lula em seu programa de televisão e escondeu o ex-presidente FH.

"A preferência do Planalto é pelo Blairo. Ele pediu um tempo. Esse ministério é um pepino" - Luciano Castro, ex-líder do PR e deputado federal (RR)

NO MEIO DO CAMINHO. O corporativismo sofreu um revés. Foi aprovada a reforma administrativa relatada pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-RS). Ela vai gerar uma economia de cerca de R$235 milhões. Destes, R$75 milhões virão com a aplicação do teto salarial em cerca de 700 servidores. Agora é com os demais senadores. A reforma ainda tem que passar pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário do Senado.

Dobradinha

O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) aprovou lei que cria a empresa individual de representação limitada. E o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi à ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) pedir a sanção. A lei não agrada à Fazenda.

Costura

O maior partido, o PMDB, e o mais estruturado, o PT, fecharam. Vão tentar aprovar na reforma política a coincidência das eleições - municipais, estaduais e nacional. Eles avaliam que as duas maiores máquinas vão levar vantagem.

Mudou de partido e de lado

O candidato a vice na chapa de José Serra, Indio da Costa, deixou o DEM e hoje é o principal organizador do PSD no Rio. Por isso, Indio fez um movimento de aproximação com o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes. O PSD pode receber a adesão de nove deputados estaduais. O dirigente nacional do novo partido, Saulo Queiroz, explica: "O partido virou uma grande janela para as pessoas se aproximarem".

Frenesi

O ex-deputado Alberto Fraga recitou vários e-mails dos ex-ministros José Dirceu e Erenice Guerra, que teriam sido violados por um hacker, ontem na reunião da Executiva do DEM. Mas garantiu: "Eu li muitos e-mails, mas não comprei".

Deixa disso

Quando Fraga terminou de falar, o ex-deputado José Carlos Aleluia bradou: "Conta mais! Conta mais!" O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), preferiu mudar de assunto: "Vamos tratar da questão do partido em Roraima".

OS ALIADOS estão de olho no Ministério dos Transportes. Se o PR não quiser a pasta, que vive uma grave crise, outros partidos, como o PMDB, aceitam fazer um troca-troca.

OS PARLAMENTARES do Rio estão ressentidos com o governador Sérgio Cabral. Eles foram colocados à margem da negociação sobre os royalties do petróleo.

ESTÁ MUITO FORTE o chefe da Casa Civil do governo do Rio, Regis Fichtner. Seu cunhado, Marco Aurélio Belize, foi nomeado ontem para o STJ, na vaga que era do ministro Luiz Fux, agora no STF.

ILIMAR FRANCO com Fernanda Krakovics, sucursais e correspondentes