Título: Abilio Diniz vai defender fusão com Carrefour junto a acionistas do Casino
Autor: Justus, Paulo
Fonte: O Globo, 12/07/2011, Economia, p. 25

Empresário participará da reunião do Conselho em Paris e deve ver Naouri

SÃO PAULO. O empresário Abilio Diniz tentará convencer hoje os acionistas do Casino sobre as vantagens de uma eventual associação entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour no Brasil. Ele participa de reunião do Conselho de Administração do Casino em Paris, às 11h15m (6h15m no horário de Brasília). O brasileiro deve reencontrar Jean-Charles Naouri, principal executivo do grupo francês, com quem disputa o controle do Pão de Açúcar. Os dois não se veem pessoalmente desde o início do ano e não se falam desde que a proposta de associação entre Pão de Açúcar e Carrefour veio à tona, em 28 de junho.

A reunião foi convocada extraordinariamente no domingo. Segundo nota divulgada ontem pela Península Participações, empresa da família Diniz, Abilio "estará à disposição durante a reunião para explicar os méritos que enxerga na proposta apresentada por Gama/BTG Pactual de associação do Carrefour com o Pão de Açúcar".

BTG e Estáter não comentam possível saída da BNDESPar

O texto informa ainda que a presença de Diniz reforça "seu compromisso de estudar e debater a proposta junto ao seu principal sócio, para que estejam preparados para as discussões no âmbito da Wilkes". A reunião entre Casino e Diniz no conselho da Wilkes, holding que concentra as ações ordinárias de ambos os sócios do Grupo Pão de Açúcar, está marcada para 2 de agosto.

Diniz é membro do Conselho do Casino desde 1999, quando negociou a venda do controle do Pão de Açúcar ao grupo francês. Desde então, "participa assiduamente das reuniões do conselho da companhia", segundo a nota.

O banco BTG Pactual e a butique financeira Estáter, que apresentaram a proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour, não comentaram ontem a informação de que a BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), havia deixado de apoiar a operação, conforme revelou ontem o blog do colunista Ancelmo Gois. Pela proposta, o banco arcaria com R$3,9 bilhões dos R$4,7 bilhões necessários para concretizar a fusão.

Pela proposta inicial, a fusão com o Carrefour só poderia ser viabilizada com a entrada do BNDES - o que provocou críticas no mercado e jogou luz sobre a forte aproximação entre Diniz e o governo. O empresário, que disse ter votado no tucano José Serra em 2002, passou a apoiar publicamente o petista Luiz Inácio do Lula da Silva e foi um dos primeiros empresários a buscar votos para a então candidata Dilma Rousseff.

Ele e sua mulher, Geyze, chegaram a abrir sua residência, em São Paulo, para que Dilma conversasse com representantes da alta sociedade. Em carta aos funcionários de suas empresas em 1º de novembro de 2010, Diniz declarou ter votado em Dilma e disse esperar a continuidade do governo Lula.