Título: Prefeito nega propina mas abre sindicância
Autor: Gerbase, Fabíola
Fonte: O Globo, 11/07/2011, Rio, p. 11

Jorge Mário diz desconhecer irregularidades nos contratos com empresas que trabalham na recuperação de Teresópolis

Ao classificar como mentirosas as denúncias sobre o pagamento de propina para a aprovação de contratos sem licitação nas obras de reconstrução de Teresópolis, o prefeito da cidade, Jorge Mário (PT), disse que aguarda o resultado de uma sindicância aberta pelo município para apurar os serviços prestados por uma das empresas contratadas, a RW de Teresópolis Construtora e Consultoria LTDA. Ela é apontada como uma das favorecidas no esquema revelado pelo GLOBO, que uniu funcionários públicos e empresários para dividir contratos sem licitação.

Indagado se considerou satisfatório o trabalho realizado pelas empresas contratadas para retirar o município do estado de calamidade, Jorge Mário se limitou a dizer que a prefeitura fez o pagamento relativo ao serviço prestado em locais onde se verificou o "resultado adequado".

- O montante a ser pago à RW pelo serviço emergencial ainda não foi liberado. Estamos aguardando a sindicância interna para apurar o que foi feito por ela. Sobre a denúncia de propina, desconheço irregularidades, até porque há um controle semanal feito pelo TCU - declarou o prefeito, sem explicar por qual razão foi aberta sindicância em relação à RW e quando isso ocorreu.

Ele não informou se as duas outras empresas apontadas como participantes do esquema - Vital Engenharia Ambiental S/A e Terrapleno Terraplanagem e Construção Ltda - receberam algum pagamento por parte da prefeitura.

Diretório municipal do PT expulsa Jorge Mário

Na última sexta-feira, o diretório municipal do PT votou um relatório de sua Comissão de Ética que pedia a expulsão de Jorge Mário com a apresentação de irregularidades em sua administração. Os 19 presentes foram favoráveis à expulsão do prefeito, que pode recorrer aos diretórios estadual e nacional. Para ele, a saída do partido foi "um caminho natural":

- Não tinha mais como pertencer ao quadro em Teresópolis. Houve um acordo para a saída e continuo com apoio regional e nacional do PT. Estou conversando com cinco partidos para decidir um novo rumo.

Vice-presidente do diretório municipal do PT, o vereador de Teresópolis Cláudio Mello, conta que a expulsão incluiu dois outros vereadores: Ademir Enfermeiro e Clayton Valentim, que são da base do prefeito. Segundo uma nota no blog do diretório municipal, "a presença do presidente do diretório regional, Jorge Florêncio, observador atento da reunião, foi um indicativo de que haverá dificuldades para o retorno do trio ao PT".

- Rompi com o prefeito em janeiro, quando apareceram os primeiro indícios de irregularidades na contratação de empresas. Começamos a buscar apoio para uma CPI sobre a situação e os vereadores Ademir e Clayton se negaram a assinar o pedido, apesar de uma notificação do partido - explica Mello.