Título: Presidente por diferença de apenas um voto
Autor: Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 10/07/2011, O País, p. 15
Partido cresceu com filiados não ligados às causas ambientais
SÃO PAULO. Diante da constatação de uso irregular da verba do fundo partidário de 2005, o PV devolveu em 2009 R$94,1 mil ao Tribunal Superior Eleitoral. Do valor, R$4,9 mil são referentes à apresentação de nota fiscal fria de empresa extinta. O restante, à utilização irregular de dinheiro do fundo em favor de diretório partidário. Feita a devolução, as contas foram aprovadas com ressalvas. Em 2005, os verdes receberam R$1,1 milhão do fundo partidário.
A chegada de Penna à presidência é descrita como acaso por ex-aliados. Em 1999, o hoje deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ), do grupo fundador da legenda, queria deixar o comando do partido. Com um discurso em defesa da necessidade de o PV crescer e jeito boa-praça, que se opunha ao estilo seco de Sirkis, Penna venceu o professor catarinense Rogério Porta Nova na convenção por só um voto.
No comando da sigla, iniciou viagens pelo país atrás de novos filiados. Penna dizia que o partido deveria buscar lideranças regionais consolidadas independentemente da identificação delas com a causa ambiental - um conflito com Sirkis.
A busca deu resultado já em 2002, quando os verdes elegeram dois deputados federais por São Paulo. A bancada anterior tinha apenas um: Fernando Gabeira (RJ), que naquele ano havia trocado o PV pelo PT. Em 2006, a legenda chegou a 13 e na última eleição a 14 deputados.
Dificuldade para ser eleito pela primeira vez
Com o controle do fundo partidário e apoiado na regra interna que dá ao presidente nacional o poder de nomear dirigentes estaduais e municipais, Penna passou a controlar votos da Executiva para se perpetuar no poder. Mas ele demorou para conquistar mandato. Sua primeira candidatura foi ao Senado, em 2002, por São Paulo. Dois anos depois, tentou se eleger prefeito paulistano. Em 2006, deputado federal.
Só em 2008, depois de se aliar ao prefeito Gilberto Kassab, tornou-se vereador. Em 2010, no embalo da campanha presidencial de Marina, elegeu-se deputado federal (78.301 votos).
- O Penna é um político convencional. Não tem atrativo, não tem um viés claro (de atuação) - diz Domingos Fernandes, ex-presidente do diretório paulista do PV.
Em seu site, Penna se apresenta como músico, parceiro de composições do cantor Belchior e ator que integrou a primeira montagem do musical "Hair", em 1970. Penna foi procurado, mas disse que não poderia falar ao GLOBO na sexta-feira.