Título: Eu não diria que foi amargo
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 14/07/2011, Economia, p. 23

BRASÍLIA. O vice-presidente de Assuntos Corporativos da BRF Brasil Foods, Wilson Mello, classificou o acordo fechado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a aprovação da fusão Sadia-Perdigão como um remédio adequado. Segundo ele, o acerto foi suficiente para que a BRF tenha condições de operar nos mercados interno e externo sem prejudicar a concorrência.

Martha Beck

O remédio do Cade foi muito amargo?

WILSON MELLO: Eu não diria que foi amargo. Foi adequado para garantir que a empresa tenha condições de operar no mercado interno e no mercado externo atendendo às preocupações de concorrência do Cade.

Por que a BRF Brasil Foods não aceitou a proposta inicial do relator (Carlos Ragazzo, do Cade) de vender a Perdigão?

MELLO: Isso iria de encontro à preocupação de preservar a sinergia entre as duas empresas.

Como o senhor responde às críticas de que a BRF foi arrogante no início das negociações e depois mudou de postura devido ao voto de rejeição do relator Ragazzo?

MELLO: Eu acho que o mais importante foi que a gente conseguiu um acordo. A empresa sempre quis esse caminho. Se não foi possível antes, isso são coisas que ficaram no passado.

O conselheiro Ragazzo não mudou seu voto mesmo diante das novas restrições. Como o senhor vê essa decisão?

MELLO: Eu prefiro acreditar nos quatro votos que foram proferidos hoje que nos levam à percepção de que um remédio foi encontrado. São quatro conselheiros que trabalharam de forma incessante com a companhia buscando encontrar uma solução.

Qual é a mensagem da BRF para seus investidores agora?

MELLO: A solução dentro do Cade pacifica a situação, encerra uma etapa necessária do processo de fusão. Agora temos que olhar para o futuro, para os planos estratégicos e para os consumidores no Brasil e nos 140 países para onde a empresa exporta.