Título: Senado americano discutirá acordo esta semana para evitar um calote
Autor: Eichenberg, Fernando
Fonte: O Globo, 18/07/2011, Economia, p. 19

Cortes de gastos chegariam a US$2,5 tri, mas republicano proporá US$9 tri

BARACK OBAMA: na pauta, além da dívida, a reforma do sistema financeiro

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WASHINGTON. O Senado americano deverá discutir esta semana uma proposta para evitar a moratória da dívida federal dos Estados Unidos, cujo prazo limite para elevação do teto é dia 2 de agosto. Num fim de semana sem encontros formais para discutir a questão, governo e oposição deram sinais de que o calote será evitado por meio de um acordo, mas falta costurar o consenso bipartidário para acabar com o impasse, que já dura 20 dias.

¿ Não penso que líderes com responsabilidade em Washington vão forçar uma moratória. Os líderes do Congresso e o presidente reconheceram que devemos subir o teto da dívida. A questão é como ¿ disse o diretor do Escritório de Orçamento da Casa Branca, Jack Lew, em entrevista à rede de televisão ABC.

A proposta em elaboração pelos líderes dos dois partidos no Senado, o democrata Harry Reid e o republicano Mitch McConnell, permitiria ao governo elevar em U$2,5 trilhões o atual teto da dívida, de U$14,3 trilhões ¿ o suficiente para manter suas obrigações em dia até as eleições presidenciais de 2012. Os dois senadores trabalham ainda com a hipótese de U$1,5 trilhão em cortes de gastos obrigatórios do Orçamento.

Uma ala dos republicanos defende a votação, na terça-feira, de um plano de cortes no Orçamento, com o compromisso de congelamento das despesas do governo em uma porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país ao longo de um ano), mais uma emenda com novas regras de equilíbrio orçamentário. Estima-se que o pacote, rejeitado pela Casa Branca, teria chances de passar na Câmara, controlada pela oposição, mas emperraria no Senado, de maioria democrata.

Os debates reforçaram a ideia de criar uma comissão bipartidária para estudar um corte maior no Orçamento, de US$4 trilhões, em um prazo de dez a 12 anos, como pretendido pelo presidente Barack Obama e defendido pelas agências de classificação de risco. A perspectiva é que ele fosse votado até o fim deste ano.

Já o senador republicano Tom Coburn prometeu apresentar hoje uma proposta de cortes de US$9,5 trilhões no Orçamento, a mais ousada até agora.

Hoje Obama ainda discutirá com líderes parlamentares o progresso na implementação da reforma do setor financeiro, aprovada há um ano.