Título: Mão de obra de fora para pesquisas
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 15/07/2011, Ciência, p. 32

Institutos federais vão contratar cientistas estrangeiros desempregados

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, anunciou ontem que o governo brasileiro vai preencher vagas nos institutos federais com cientistas estrangeiros desempregados. Segundo o ministro, os estrangeiros não vão tomar o espaço dos brasileiros: os contratos serão temporários e, ao mesmo tempo, o governo vai dar bolsas de estudos para os brasileiros se prepararem no exterior.

- É evidente que a nossa prioridade é formar e dar emprego aos cientistas brasileiros. Por isso estamos abrindo bolsas para 75 mil alunos brasileiros que vão para as melhores universidades do mundo - afirmou Mercadante.

O programa "Ciência sem Fronteiras" será lançado este mês e, ainda este ano, um concurso público será aberto para o preenchimento de vagas de pesquisadores que se aposentaram, com a possibilidade de contratação de estrangeiros. Parte das vagas será para brasileiros.

- Identificamos desemprego e demissões de cientistas de centros de excelência nos EUA e Europa. Vivemos um momento raro na história econômica: o Brasil cresce e tem estabilidade, enquanto estamos assistindo recessão, crise e instabilidade nos países mais desenvolvidos. No passado tivemos uma diáspora de cérebros e agora queremos atrair cientistas para o Brasil - argumentou o ministro.

Na audiência, o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke, nos EUA, apresentou dois projetos: "Escola sem Fronteiras" e "Interface Cérebro-máquina". A ideia é expandir o projeto "Escola sem Fronteiras", cujo piloto foi implantado em Natal, para 12 localidades fronteiriças de Norte a Sul do país. As escolas serão bilíngues e os estudantes, de 10 anos a 15 anos - brasileiros e de países sul-americanos que fazem fronteira com o Brasil - terão educação científica.

- Em Natal, com parceiros privados, juntamente com os ministérios da Educação e de Ciência e Tecnologia, temos um projeto piloto que se transformou em novo paradigma da educação científica. Acho que vamos aproveitar o mesmo modelo neste projeto, que será pioneiro na integração de fronteiras pela educação científica - disse Nicolelis.

A segunda proposta é trazer para o Brasil as primeiras demonstrações clínicas da interface cérebro-máquina, aplicadas na locomoção de pacientes paraplégicos e tetraplégicos. O neurocientista participa dessas pesquisas e quer que as demonstrações sejam feitas na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016.

- Pretendemos fazer a demonstração durante a Copa e as Olimpíadas, mostrando o potencial da ciência brasileira em colaboração com colegas do mundo todo e com a sociedade. Queremos fazer um paciente paralisado andar novamente usando uma veste robótica controlada pelo sistema nervoso central - disse.