Título: Governo antecipou respostas
Autor: Luiz, Edson; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 19/08/2009, Política, p. 2

Durante conversa com Garibaldi Alves, marido de Lina Vieira garantiu que a ex-secretária iria apenas repetir o que havia falado à imprensa

Desde a noite de segunda-feira que a base aliada tinha certeza que não haveria surpresas no depoimento da ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O ex-presidente da Casa Garibaldi Alves (PMDB-RN) havia conversado com o marido de Lina, Alexandre Firmino, que garantiu que sua mulher apenas iria reiterar o que dissera na entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

No encontro com Garibaldi, Firmino antecipou que Lina se recusaria a falar sobre a Petrobras e a mudança de sistema que permitiu à empresa pagar menos imposto. A preocupação maior da ex-secretária era com a própria carreira. Ela não queria se expor a um processo por prevaricação ou algo parecido. Realmente, na sessão, a ex-secretária se negou a responder sobre a estatal ao senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o mais agressivo da base governista.

Nervosas e tentando tirar o máximo de proveito possível da sessão, oposição e base aliada se estranharam e se enrolaram em alguns momentos. Flexa Ribeiro (PSDB-PA) tachou os governistas de Forças Armadas da Dilma, enquanto que Almeida Lima (PMDB-SE) rebateu chamando os adversários de ¿trombadinhas do poder¿. O senador gaúcho Pedro Simon (PMDB) se dizia perplexo com o suposto pedido da ministra Dilma Rousseff à ex-secretária. ¿Isto não tem explicação¿, disse. ¿A verdade é que uma das duas está faltando com a verdade¿, disse Simon, que ao falar da secretária executiva da Casa Civil, Erenice Guerra ¿ auxiliar de Dilma ¿, a chamava de ¿Berenice¿, e o seu partido, o PMDB, voltou a ter o antigo nome, MDB.

Sob controle

Renan Calheiros (PMDB-AL), estava inconformado com seus colegas da base aliada, Ideli Salvatti (PT-SC) e Mercadante, que insistiam em inquirir Lina, justamente no momento em que a situação parecia sob controle. Gesticulava para ambos para cessar as perguntas. Sem ser atendido, desistiu e foi embora. Para o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), tudo também parecia resolvido. ¿Na verdade, parece que houve um mal entendido¿, minimizou o senador. ¿Não houve mal-entendido, o encontro aconteceu e o pedido (de Dilma) houve¿, rebateu Lina.

O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) queria saber o interesse da ministra pelo processo do filho de Sarney, já que sua atuação dentro do Palácio do Planalto estava mais relacionada ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). ¿A ministra não precisava fazer isso. O que isso tem a ver com o PAC?¿, indagou ao plenário, que ao fim da sessão estava bem mais tranquilo e encerrou os trabalhos com piadas e brincadeiras mútuas. Em conversas com aliados, a ministra Dilma se disse aliviada no fim do depoimento de Lina.