Título: Comida doce, cobrança amarga
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 13/07/2011, O País, p. 3

Em almoço de confraternização com Ideli, líderes da base reivindicam pagamento de emendas

BRASÍLIA.Em meio à votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2012, cuja aprovação possibilitará o recesso do Legislativo a partir de segunda-feira, os líderes da base aliada, reunidos num almoço na casa do líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), cobraram da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o pagamento das emendas parlamentares. Lembraram à ministra de que "nunca antes na História deste país" um governo em início de mandato obteve tantas vitórias no Congresso e, ao mesmo tempo, travou tanto o pagamento de emendas parlamentares.

Pressionada, Ideli concordou e prometeu que, nos próximos 15 dias, durante o recesso parlamentar que vai até 1º de agosto, vai se debruçar sobre o assunto para tentar agilizar as demandas dos aliados.

Apesar do gosto meio amargo do almoço, a sobremesa foi mais palatável. Para adoçar a boca dos deputados e festejar os seis primeiros meses de "matrimônio" de legislatura, com votos de que o casamento se mantenha por mais 15 anos, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), mandou fazer dois bolos iguais aos de casamento - com dois andares e direito a um par de noivos: um representando a presidente Dilma Rousseff e o outro, o vice-presidente Michel Temer (PMDB). Na lateral, os símbolos do PMDB e do PT e os dizeres: "Amor à 15ª vista". O número 15 é o número do PMDB, mas no almoço, Henrique disse que a referência era a "15 anos mais de convivência" dos dois partidos no poder.

No almoço de encerramento do semestre, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que, no primeiro semestre, foram aprovadas 274 propostas nas comissões e 78 em plenário, além de 23 medidas provisórias. Segundo o petista, até o polêmico Código Florestal, no qual o governo foi derrotado, só não teve resultado ainda pior porque os governistas mudaram outros artigos que descontentavam o Palácio do Planalto. Mas o próprio líder do governo admitiu que ainda há insatisfação na base:

- Reclamações sempre há. Os deputados querem que sejam liberadas as emendas. Até agora, praticamente nada de emenda foi pago. E nunca um governo teve tanta vitória como nos seis primeiros meses de Dilma - disse.