Título: Professor: Subsolo está contaminado
Autor: Leite, Renata
Fonte: O Globo, 21/07/2011, Rio, p. 19

Enquanto as concessionárias trocam farpas, o professor de engenharia ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), Antônio Roberto Oliveira, alerta que o subsolo da cidade está contaminado por gás. Na terça-feira, ele e dois estudantes percorreram dez bueiros da Light, da Rioluz, da Rio-Águas e de telefonia e detectaram metano em todos eles. O professor escolheu pontos aleatórios do Centro e de Botafogo e usou um equipamento americano, com o qual a PUC-Rio faz estudos para a Petrobras.

¿ A contaminação do subsolo por metano é tão grave quanto a por postos de gasolina. A vida presente ali vai morrer. Encontramos gás a índice acima de 10% (10 litros de metano em 100 litros de ar) ¿ disse o professor, explicando que o metano encontrado no subsolo terrestre pode ser de duas fontes: o gás natural e a biodigestão do esgoto. ¿ Se o metano fosse o da Cedae, ele estaria vazando pela sua própria rede, o que não estamos vendo ocorrer.

O engenheiro da CEG Paulo Aten diz não ser possível afirmar que o metano encontrado é de gás natural sem uma análise feita em laboratório.

¿ Na prática, temos visto que o metano dessa matéria em decomposição se acumula nas caixas subterrâneas que têm pouca ventilação.

De acordo com a CEG, no primeiro semestre deste ano a concessionária fez 7.008 inspeções conjuntas em caixas subterrâneas da Light. Deste total, 1.461 (cerca de 21%) tinham a presença de esgoto e material em decomposição. Em apenas 0,3%, detectou-se a infiltração de gás natural.

Para Jaques Sherique, diretor do Clube de Engenharia, tanto a CEG quanto a Light têm culpa pelas explosões, já que suas redes deveriam ser totalmente vedadas e distantes uma da outra. Para ele, falta um monitoramento eficiente da ocorrência de gás ou de faíscas.