Título: Mensalão do DEM: promotores agora são réus
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 22/07/2011, O País, p. 11

Ex-procurador-geral do DF e a promotora Deborah Guerner são acusados de tentativa de extorsão contra Arruda

BRASÍLIA.Por 12 votos a 1, a Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região decidiu ontem abrir processo contra o ex-procurador-geral de Justiça do Distrito Federal Leonardo Bandarra e a promotora Deborah Guerner. Os dois são acusados de tentativa de extorsão de R$2 milhões do ex-governador José Roberto Arruda. O processo é resultado da Operação Caixa de Pandora, que investiga um esquema de pagamento de propina supostamente chefiado por Arruda, no escândalo conhecido como Mensalão do DEM. A procuradoria-geral da República ainda não concluiu o relatório do inquérito principal do caso.

Dos 14 desembargadores presentes à sessão, 12 votaram pelo acolhimento integral da denúncia formulada pelo procurador regional da República, Ronaldo Albo. O presidente do tribunal, Olindo Menezes, não votou. Voz isolada na discussão, o desembargador Jirair Meguerian foi o único a pedir a exclusão de Bandarra e do executivo Marcelo Carvalho da denúncia, explicando que não há indícios suficientes sobre a participação deles na chantagem. Pela decisão da Corte Especial, também serão processados o delator do Mensalão do DEM Durval Barbosa, o empresário Jorge Guerner, marido da promotora, e a jornalista Cláudia Marques.

A desembargadora Mônica Sifuentes sustenta que Deborah cobrou R$2 milhões do ex-governador para não divulgar um vídeo em que Arruda aparece recebendo dinheiro de Durval Barbosa, na residência oficial do governador, em julho de 2009.

"Desmaio" e cadeira de rodas durante a sessão

Segundo a desembargadora, Guerner foi ao encontro de Arruda em companhia de Marcelo Carvalho, principal executivo do grupo empresarial do ex-governador Paulo Octávio. Pela acusação, coube a Carvalho burlar a segurança da residência oficial. Os dois teriam entrado no gabinete de Arruda sem que tivessem a placa do carro e os nomes registrados. Carvalho também participou de parte da reunião da promotora com Arruda. Para surpresa de Guerner, o ex-governador se recusou a pagar o suborno.

No fim da primeira parte da sessão, Deborah Guerner deixou o plenário às pressas. Do lado de fora do prédio, caiu no chão e foi levada para o serviço médico. O advogado Maurício Araújo disse que ela desmaiou. A informação foi rebatida pelo médico Vinícius Prado. Ele afirmou que Deborah chegou agitada, tomou rivotril e, em menos de duas horas, deixou a enfermaria em cadeira de rodas, apesar de estar clinicamente bem.

Para o Ministério Público, a promotora estaria encenando o "teatro da loucura" para evitar rebater acusações contra ela.

Em 18 agosto, a Corte Especial deverá decidir se acolhe outra denúncia contra Bandarra e Deborah. Eles também são acusados de formação de quadrilha e vazamento de informações criminais sigilosas.