Título: Dilma cobra explicações de Novais
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 22/07/2011, O País, p. 4

Ministro enfim se reúne com presidente e tem de esclarecer contrato com ONG

BRASÍLIA. O ministro de Turismo, Pedro Novais, precisou esperar seis meses e 21 dias para ter um encontro, ontem à tarde, a sós, com a presidente Dilma Rousseff. Mas, antes, acordou com um chamado da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que tinha um recado da presidente: responder à denúncia, publicada ontem pelo GLOBO, de que seu ministério assinou três contratos, no total de R$52,2 milhões, com o suspeito Instituto Brasileiro de Hospedagem (IBH).

A ONG é dirigida por César Gonçalves, envolvido em escândalos de malversação de verba pública e alvo de ação do Ministério Público, que pede a devolução de R$480 mil. Gonçalves deixou o cargo na estatal Brasiliatur em meio a uma série de denúncias durante a gestão do governador José Roberto Arruda, que renunciou após o escândalo do mensalão do DEM no DF.

No encontro com Dilma, Novais apresentou documentação sobre o Plano Nacional de Turismo, mas a conversa com Gleisi, mais cedo, foi delicada. Dilma decidiu intervir em qualquer pasta que sofra denúncias de corrupção.

Os R$52,2 milhões foram entregues à ONG para a realização de cursos à distância. Os dois primeiros contratos com a entidade foram feitos na gestão Lula, mas o maior deles, de R$25,5 milhões, foi apresentado e aprovado em meia hora, no último dia 6, com anuência de Novais.

Após o encontro com Dilma, o ministro divulgou nota explicando que sua pasta se comprometeu, no programa Bem Receber Copa, a qualificar 306 mil pessoas. Mas Novais não faz referência ao nome do empresário dono da ONG.

- O Ministério do Turismo não assina contrato com pessoas, assinou com uma ONG - disse a assessoria de Novais.

Sobre o contrato de R$25,5 milhões, o ministro afirmou que "pensou-se, ainda, em razão da necessidade e garantia do cumprimento da meta global, em conveniar a 3ª fase. Mas isso não foi levado adiante", conclui a nota.

A nota do ministério não informa se os contratos serão cancelados, ou se alguma investigação será aberta para fiscalizar a aplicação dos R$52,2 milhões.