Título: AGU busca empresas de laranjas de Luiz Estevão
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 16/07/2011, O País, p. 5

Grupo OK, do ex-senador, alugava à União imóveis seus em nome de outras pessoas

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou ontem que vai buscar, para que sejam penhoradas, empresas do ex-senador Luiz Estevão que estejam em nomes de laranjas. O valor arrecadado poderia ser encaminhado para a União a fim de reembolsar parte dos R$888 milhões que o ex-parlamentar e o juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, ainda devem ao erário.

Estevão e o juiz são personagens principais do desvio de R$169,5 milhões da construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo e que veio à tona em 1999. Somados juros, multas e correção monetária, o total a ser devolvido ao Tesouro é de R$943 milhões. Com o resgate de R$55 milhões ocorrido na terça-feira por ordem da Justiça Federal, esse valor está em R$888 milhões.

A insistência da AGU em identificar empresas laranjas do ex-senador tem fundamento. O Grupo OK, de Luiz Estevão, alugava dez imóveis a órgãos do governo. Alguns deles estavam em nomes de outras pessoas. Quando a AGU identificou a manobra, pediu na Justiça que o governo deixasse de pagar os R$2,7 milhões relativos à locação. A chamada "penhora de aluguéis" resultou nos R$55 milhões que já estão na conta do Tesouro Nacional.

- Nós vamos seguir com esse trabalho de monitoramento e de investigação para ver se tem casos de empresas do Luiz Estevão que estão em nome de laranjas e de outras pessoas próximas a ele - diz o subprocurador regional da União Diogo Palau.

A AGU já fez o pedido para que esses bens de Luiz Estevão alugados para o governo se tornem, efetivamente, imóveis da União. A Justiça já autorizou que sejam feitas as avaliações desses espaços e, posteriormente, vai decidir se eles poderão ou não ser leiloados.

Palau lembra que, paralelamente à ação que fez a União reembolsar os R$55 milhões, a AGU conseguiu penhorar 1.255 imóveis da empresa do ex-senador. Mas o dinheiro não foi parar nas contas do governo por conta da burocracia que envolve o processo de leilão desses bens.