Título: Fã de Chico e Mônica Salmaso, Dilma não tolera gângster Cortez
Autor:
Fonte: O Globo, 23/07/2011, O País, p. 4

Noveleira confessa, presidente critica personagem e elege seus ídolos

BRASÍLIA. A Dilma é feito o padre Jorjão e o Artur Xexéo. Finge que não vê novelas. Informa que só consegue ver ¿Insensato coração¿ no sábado. Mas apareceu para o jantar reclamando:

¿ O problema de ¿Insensato coração¿ é que morre gente demais. E eu não gosto da personagem da Glória Pires, o que mostra o seu grande talento de atriz. Não gosto desse comportamento da Norma. Eu gosto da Natalie.

E a ministra Helena, toda alegre:

¿ Dela com o Cortez? Eu adoro ela com o Cortez.

Dilma responde:

¿ Que Cortez! Eu não tolero esse gângster. O Cortez é um gângster. Tem que ficar na cadeia! Eu falo é da Natalie e do irmão, o Douglas. Agora ricos, não perderam os laços com a inocência e a pureza. Douglas faz o papel de burro, mas consegue passar a imagem de uma pessoa inteligente, pela ternura do personagem. O verdadeiro burro é aquele que se acha inteligente sem ser e acha que consegue enganar os outros. Desses burros, quero distância.

E prossegue:

¿ Eu sou noveleira, sim, mas saudosista. Tenho saudades do Sinhozinho Malta e do ¿Casarão¿. Graças a Deus que surgiu o canal Viva. Fico ligada nele. Mas, com a autoridade de uma grande noveleira, eu digo: não tem para ninguém. A melhor autora de novela é a Glória Perez. Novela é folhetim. A Glória é a autora que mais entende e conhece o gosto do brasileiro. Eu sou presidente do fã-clube da Glória Perez.

Programa preferido

A presidente revela o que mais gosta de ver na televisão atualmente:

¿ Graças ao canal Viva, posso rever o ¿Sai de baixo¿. Por que um programa bom desses acaba? Não consigo entender. A Marisa Orth é uma das melhores atrizes que conheço. Consegue fazer humor de primeira, sem rir. Isso é fantástico. O Falabella, sim, não consegue esconder o riso dos textos que escreve. O Falabella é um ator e autor genial.

Mas não deixa de falar de seus ídolos:

¿ Como brasileira, sinto o maior orgulho de termos a Fernanda Montenegro. Na primeira vez em que a vi, fiquei muito nervosa, disfarcei ao máximo. Eu acho que sempre me sentirei nervosa diante da Fernanda Montenegro.

Ídolos

Em plena crise do Palocci, Dilma recebeu um vídeo dos festivais da TV Record e se lembrou dos seus ídolos:

¿ Gente, eu vi Marília Medalha, novinha, o Sérgio Ricardo jogando o violão. Revi esse lance e percebi que o próprio Sérgio Ricardo, depois, fica arrependido do gesto. O Chico, menino, já era essa gracinha. O Chico realmente povoa até hoje a fantasia de toda a nossa geração e da atual, você não acha?

¿ Presidente, eu gosto só da obra do citado ¿ respondo.

E a ministra Helena:

¿ Toda mulher tem o direito sagrado de ter fantasias com o Chico.

Aí quem balança a cabeça sou eu, mas sou logo derrotado pela Gleisi e pela presidente. Dilma confirma:

¿ Nossa, o Chico é o máximo. A família Buarque de Hollanda tem uma marca curiosa no frontal do rosto. Não toda, mas a maioria. Um detalhe que vem da testa, dos olhos e do nariz. A nossa ministra Ana de Hollanda tem bem esse traço do Chico.

E, voltando ao festival, falou com admiração de Caetano, Gil e de outros que fizeram nome na música brasileira.

¿ Bom, Gil é de casa. Somos amigos. Mas eu tenho uma curiosidade muito grande de conversar com o Caetano. Ele é muito culto, inteligente. Deve ser um papo encantador, doce, envolvente.

Mas, na música, neste momento, não há lugar para ninguém nos ouvidos da presidente. Errei, quase ninguém: a Dilma continua fiel à Cássia Eller e à Fernanda Takai. Mas a paixão da hora é uma só: Mônica Salmaso.

¿ No Twitter, onde falo toda hora com a senhora, botei uma música dela para conheceres, e aquele ministro Orlando Silva, um estraga-prazeres, retwittou dizendo que a senhora já tinha ouvido a Mônica no Congresso do PCdoB.

A resposta bem-humorada de Dilma:

¿ Que ¿aquele¿ ministro Orlando Silva não saiba, mas não foi no congresso do PCdoB que eu conheci a Mônica Salmaso. Ouço a Mônica desde o primeiro CD dela. Ela é perfeita. É incrível. Curioso é que a gente gosta dela de primeira. Tenho o maior respeito e admiração por todas as nossas grandes intérpretes, mas a Mônica é demais.