Título: Serra precisa de R$688 milhões para o verão
Autor: Werneck, Antônio; Leite, Renata
Fonte: O Globo, 17/07/2011, Rio, p. 17

Recursos que estado pedirá ao governo federal são necessários para que a região enfrente a estação das chuvas

Como uma só andorinha não faz verão, é preciso que R$688 milhões voem rapidamente em direção à Região Serrana para que os municípios estejam preparados para enfrentar a estação das fortes chuvas com riscos mínimos de uma nova tragédia, como a que matou mais de 900 pessoas em janeiro deste ano. A estimativa é da Secretaria estadual de Obras, apresentada ao GLOBO num projeto que reúne as intervenções consideradas indispensáveis para conter os efeitos das enxurradas.

O vice-governador e secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, espera conseguir os recursos na esfera federal para aplicar nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Areal.

A verba será destinada para dragagem de rios e canais, obras de infraestrutura urbana como pavimentação e drenagem de ruas, contenção de encostas, recuperação de rodovias e estradas vicinais e aquisição de equipamentos importantes para a retomada da agricultura nas áreas degradadas - como componentes para irrigação e estufas.

Rios vão receber R$310 milhões

O município de Nova Friburgo é o que mais precisa de recursos, na avaliação do governo do estado. Cerca de R$315 milhões do montante que será solicitado da União seguirão para a cidade. Quase a metade deste valor, R$146 milhões, será destinada à dragagem de rios e canais. No plano, Teresópolis demanda investimentos de R$226 milhões, sendo R$126 milhões também aplicados na desobstrução de rios. Ao todo, R$310.208.000 irão para obras nos cursos d"água.

Além de dragagem, haverá trabalho de replantio da vegetação das margens, que também demandam obras de contenção. Devem ser criados ainda parques fluviais, que incluem a preservação do entorno dos canais.

Figuram no projeto da Secretaria estadual de Obras os rios Grande e Bengala, os córregos Dantas e Roncador e os ribeirões São José e Capitão, em Nova Friburgo. Já em Petrópolis, devem ser contemplados os rios Santo Antônio, do Carvão e Cuiabá. A vizinha Teresópolis terá recursos investidos nos rios Vieira, da Formiga, dos Frades, Paquequer, Quebra-Frasco, Imbuí, do Príncipe, Preto e no Córrego Morro Agudo, além do Ribeirão Santa Rita e do Córrego do Arrieiro.

Recuperação só em dois anos

Rodovias também estão incluídas no plano de recuperação do governo estadual. Um total de R$96 milhões deve ser aplicado na RJ-148 e na RJ-150, que passam por Friburgo, e na RJ-134, que liga o distrito de Posse, em Petrópolis, a Campanha, em Teresópolis, entre outras estradas.

Na área urbana dos municípios, obras de pavimentação e drenagem consumiriam cerca de R$101 milhões. Teresópolis liderará os investimentos, recebendo quase R$49 milhões. Em seguida vêm Nova Friburgo, com R$41 milhões, e Petrópolis, com R$3,5 milhões.

- Antes de dois anos a gente não reconstrói Friburgo - disse Pezão. - Deve ser necessário um total de R$2,5 bilhões a R$3 bilhões de investimentos na Região Serrana.

A área rural dos municípios também foi incluída no plano da Secretaria estadual de Obras. A Região Serrana, que tem importante vocação para a agricultura, terá estradas vicinais recuperadas, equipamentos de irrigação repostos e estufas de alumínio com cobertura plástica compradas.

Os investimentos em estradas vicinais e na infraestrutura produtiva vão totalizar quase R$82 milhões. Para Nova Friburgo estarão disponíveis cerca de R$20 milhões e, para Teresópolis, R$16 milhões.

Encostas: pacote de R$99 milhões

Para as encostas, serão direcionados pouco mais de R$99 milhões dos recursos federais. Do total, cerca de R$61 milhões vão para Nova Friburgo; R$2 milhões para Bom Jardim; R$2 milhões para Sumidouro; R$28 milhões para Teresópolis e R$6 milhões para Petrópolis.

As encostas receberão ainda o reforço de um empréstimo conseguido pelo governo estadual junto ao Banco Mundial. Segundo Pezão, a instituição financeira disponibilizou R$147 milhões que serão aplicados exclusivamente na contenção de encostas. Ainda assim, Pezão reconhece que é pouco para a demanda da Região Serrana:

- As cidades escolherão as prioridades, já que temos dinheiro para obras em cerca de 70 encostas, mas há mais de 700 que precisam de contenção.

Os investimentos incluem ainda a recuperação da vegetação das áreas em morros atingidos pela enxurrada de janeiro. A previsão de conclusão é de seis meses.