Título: Ministro dos Transportes adverte que demissões no Dnit devem continuar
Autor: Vasconcelos, Adriana; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 30/07/2011, O País, p. 10

Passos não teme contrariar PR, seu partido, e diz fazer a "coisa certa"

BRASÍLIA. O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, afirmou ontem que está convencido de que está fazendo "a coisa certa", ainda que contrarie seu partido, o PR, nas demissões no Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit). A cúpula do partido vem reclamando que as demissões a conta-gotas estariam contribuindo para desgastar ainda mais a imagem da legenda. Passos, porém, não se mostrou sensibilizado com essas queixas e não descartou novas demissões.

- Acho que estou fazendo a coisa certa no Ministério dos Transportes. Se acho que estou fazendo a coisa certa, vou continuar fazendo... - afirmou.

Convocação do Congresso não preocupa

O ministro dos Transportes também sinalizou que já se prepara para a possibilidade de ser convocado ou convidado pelo Congresso Nacional para prestar esclarecimentos sobre o suposto esquema de superfaturamento e cobrança de propinas detectado no Dnit, que levou a presidente Dilma a determinar o afastamento de mais de 20 pessoas de sua pasta. A oposição, que já havia sugerido à Comissão Representativa do Congresso que Passos fosse convocado ainda no recesso, deverá a partir da próxima semana se organizar para aprovar tal requerimento em comissões permanentes da Câmara e do Senado.

- Esse é um assunto que a área política do governo vai conduzir. Mas eu estarei disponível para o que for mais conveniente - antecipou o ministro.

Para evitar a paralisação completa do Dnit - que já perdeu seis de seus sete diretores desde o início da crise no Ministério dos Transportes - o governo anunciou ontem que editaria um decreto autorizando o Conselho Administrativo do Dnit a designar, em condições excepcionais e transitórias, substitutos para atuar até a nomeação da nova diretoria do órgão.

De acordo com o ministro dos Transportes, os nomes dos novos diretores do Dnit já começaram a ser submetidos à presidente Dilma Rousseff e as indicações deverão ser encaminhadas ao Senado já no início da próxima semana.

- Nós estamos vivendo uma situação atípica no Dnit, depois das demissões ocorridas. Até que o novo time de diretores seja nomeado, precisamos garantir as condições de funcionamento do órgão - explicou Passos, ao anunciar a edição do decreto.

No total, 22 integrantes perderam o cargo por conta das denúncias de irregularidades. O último da lista foi o coordenador-geral de Operações Rodoviárias, Marcelino Augusto Rosa. Ele foi demitido pelo ministro dos Transportes após denúncia do GLOBO de que sua mulher agia como procuradora de empresas que recebiam recursos da área em que Marcelino atuava no Dnit.

O diretor de Planejamento e Pesquisa, Jony Marcos Lopes, deve ser formalmente exonerado na próxima semana. O mesmo deve acontecer com o diretor-executivo José Henrique Sadok de Sá que já tinha sido afastado temporariamente do cargo. Sadok foi afastado após denúncias de que uma empresa de propriedade de sua mulher tinha contratos de R$18 milhões para obras do Dnit.