Título: Fronteiras de 67 na pauta de Netanyahu
Autor: Malkes, Renata; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 02/08/2011, O Mundo, p. 24

Em Brasília, vice-premier de Israel pede fim do apoio automático a países árabes e Irã

BRASÍLIA. Enquanto faz uma campanha diplomática internacional para evitar que os palestinos levem à votação uma declaração unilateral de seu Estado na Assembleia Geral da ONU, em setembro, o premier de Israel, Benjamin Netanyahu, estaria disposto a retomar as negociações de paz com base nas fronteiras pré-1967. A informação, embora não confirmada oficialmente pelo governo de Jerusalém, foi passada a uma fonte ouvida pelo canal 2 da TV israelense.

Segundo fontes do governo, "Israel está tentando novas fórmulas para retomar as conversas de paz baseadas na proposta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama".

Apesar dos rumores, o vice-premier e ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Moshe Ya"alon, aproveitou ontem sua primeira visita ao Brasil para pedir que o governo Dilma Rousseff reveja as posições de apoio automático a países árabes e de aproximação com o Irã, políticas adotadas pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ya"alon se reuniu com o vice-presidente Michel Temer e o chanceler Antonio Patriota.

- Espero que uma política diferente, uma abordagem diferente, seja feita no sentido de rever o apoio automático aos árabes - disse o ministro ao GLOBO.

Patriota diz que Brasil reconheceria Palestina em votação na ONU

Para Ya"alon, em cada conflito no mundo árabe há a "impressão digital" do Irã. Um dos objetivos da visita ao Brasil é alertar o governo sobre uma tentativa de aproximação iraniana na América Latina:

- O Irã está explorando o relacionamento na América Latina para ganhar influência, estreitar alianças com (Hugo) Chávez e outros países da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas), como Equador e Bolívia. Nós nos preocupamos com as atividades terroristas do Irã. Se o Irã se tornar potência nuclear vai aumentar seu poder, movendo-se para o Ocidente. Acredito que o Brasil tem que assumir um papel responsável com relação à política do Oriente Médio.

Sobre a pretensão brasileira de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, o israelense disse que o país deve se enquadrar e apoiar a ordem internacional. E para ele, apoiar o Irã vai contra este objetivo.

- Ser membro do Conselho de Segurança significa que você apoia a ordem internacional mundial, o que significa ter um governo confiável e transparente. É este o caso do Irã? Tendo isto em mente, apoiar o Irã... Estamos procurando um parceiro responsável e confiável. Esta é a ordem internacional mundial - ponderou.

Segundo o Itamaraty, na conversa com Patriota, o israelense manifestou preocupação com a intenção da Autoridade Nacional Palestina de obter da Assembleia Geral da ONU um reconhecimento formal de seu território. O ministro brasileiro afirmou que a segurança de Israel é prioridade para o Brasil e assegurou que sempre estará aberto a ouvir os dois lados. Mas, Patriota avisou que, se houver votação, o Brasil estará entre os que reconhecem o Estado palestino.

Com agências internacionais