Título: Não há declínio americano
Autor: Eichenberg, Fernando
Fonte: O Globo, 02/08/2011, Economia, p. 17

RUBENS BARBOSA

SÃO PAULO. O impasse fiscal dos Estados Unidos não significa o fim do império americano, na visão do ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa. O problema, diz ele, virá dos cortes incluídos no pacote. Eles devem impor um ritmo ainda mais lento à recuperação da economia americana.

Estamos assistindo ao fim do império americano?

RUBENS BARBOSA: Nos últimos 20 anos o mundo mudou, apareceram os países emergentes, como a China, que ocupou esse espaço, a Índia, o Brasil, Rússia. Dentro desse novo mundo, o poderio incontrastável e unipolar dos EUA também mudou. Os EUA fazem a agenda, mas não impõem mais soluções políticas e econômicas. Não há declínio americano, há perda relativa de poder decisório.

O país corre o risco de ter sua nota rebaixada?

BARBOSA: Aprovada a modificação, as agências de risco não vão diminuir o risco-país dos EUA. Agora, a aprovação da redução dos déficits orçamentários, que vai eliminar US$2 trilhões do orçamento, vai ter um impacto na economia americana, que terá uma recuperação será mais lenta, com manutenção do desemprego e desaceleração da atividade.

O presidente Obama terá novas dificuldades com o Tea Party?

BARBOSA: O responsável pela crise, agora e no passado, foi o Partido Republicano. Foi o (presidente George) Bush que aumentou as despesas brutalmente e reduziu impostos. E, agora, o próprio partido cria esse problema. Fizeram isso pensando na eleição do ano que vem, mas o Tea Party vai ser mais um peso que uma vantagem. (Paulo Justus)