Título: Nascimento fará discurso de defesa
Autor: Vasconcelos, Adriana; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 02/08/2011, O País, p. 4

Ex-ministro dos Transportes dirá que PR não pode ser o único punido

BRASÍLIA. Na volta ao Senado, hoje, depois da queda do Ministério dos Transportes e de ver mais de 20 executivos ligado ao seu partido serem demitidos, o senador e presidente do PR, Alfredo Nascimento (AM), quebra o silêncio de quase 30 dias e, em pronunciamento no plenário, ditará o rumo da relação com o governo depois da crise que isolou seu grupo político. A estratégia é dar uma demonstração de força no discurso, em que pretende se defender das denúncias. Não vai atacar, mas dirá que a punição não pode ser apenas para os indicados pelo PR.

Nascimento convocou os seis senadores e 42 deputados do PR para assistirem a seu pronunciamento, mas não deverá anunciar nenhum rompimento nem fará ataques diretos ao governo. Havia a possibilidade de uma reunião da Executiva Nacional do PR ainda hoje, mas Nascimento adiou, pois quer atenção total ao discurso, às 15h45m.

Interlocutores do ex-ministro garantem que ele "não vai dedurar nem ameaçar ninguém". Dizem que ele vai tratar de cada denúncia, mas não sabem se fará referência às suspeitas de que o secretário geral do PR, Valdemar Costa Neto, "operava" no Ministério dos Transportes.

- O Alfredo vai pontuar com tranquilidade tudo que aconteceu em sua gestão. Mas não vai dedurar ninguém - disse o vice-líder do governo na Câmara, deputado Luciano Castro(RR).

- Ele disse que falaria toda a sua verdade, que, espero, corresponda a toda a verdade dos fatos. Pode falar alguma coisa mais contundente, mas não vai fazer ameaças ou chantagens - reforçou Lincoln Portela, líder do PR na Câmara.

Uma coisa é certa: Nascimento deve deixar claro o descontentamento do PR com a forma como a presidente Dilma Rousseff está conduzindo o processo de demissões nos Transportes.

Segundo a assessoria do ex-ministro, no discurso ele "deve pôr um ponto final nas especulações que buscavam antecipar o sentimento da legenda depois da crise no Ministério".