Título: PR é feito por gente idônea
Autor: Fabrini, Fábio; Maltchik, Roberto
Fonte: O Globo, 29/07/2011, O País, p. 3

Para ministros, governo não está em "processo de caça às bruxas"

BRASÍLIA e LIMA. Após forçar a demissão de 21 executivos em sua faxina no setor dos transportes, a presidente Dilma Rousseff pôs auxiliares em campo para tentar reduzir o impacto político. Ontem, em momentos e lugares distintos, dois de seus principais colaboradores - Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral, e Marco Aurélio Garcia, assessor para Assuntos Internacionais - deram entrevistas para dizer que não há caça às bruxas no governo, nem ação contra os partidos, nem mesmo contra o PR, que perdeu o controle do Ministério dos Transportes e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).

Carvalho disse que a presidente conclui na semana que vem as trocas no comando do Dnit e admitiu que, no caso das superintendências regionais da autarquia, poderá haver indicações dos partidos, desde que de técnicos com reconhecida competência e conduta ilibada. Em Lima, onde acompanha Dilma na posse do novo presidente, Marco Aurélio também comentou:

- Não estamos em processo de caça às bruxas de maneira nenhuma. Isso é uma tentativa de desestabilizar a aliança política, que está muito sólida. Os interesses do partido em um projeto maior para o Brasil todos os dias são reafirmados - afirmou Marco Aurélio, sustentando que a limpeza na área de transportes não visa a atingir o PR nem outro partido aliado: - Não está havendo uma faxina no PR. Houve uma série de mudanças em função de questões concretas que apareceram e serão averiguadas.

O ministro Gilberto Carvalho disse que Dilma se reuniu com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, para tratar das mudanças:

- A presidente está com muito cuidado analisando as alternativas, naturalmente preocupada para que não demore muito esse processo de recomposição do Dnit e do ministério. É bem provável que, no início da semana, ela possa anunciar a nova composição do Dnit. O cuidado é para que, de fato, sejam pessoas que juntem a idoneidade com a competência técnica.

Carvalho observou, no entanto, que as superintendências estaduais poderão ter indicações políticas:

- A presidente vai primeiro indicar a direção do Dnit. Em diálogo com a nova direção do Dnit, vai ser dada a possibilidade das alterações que se fizerem necessárias. Mas insisto: não haverá caça às bruxas nem um processo para trocar todo mundo.

Gilberto aproveitou para elogiar o PR, afirmando que Dilma não prejulgou ninguém e que quando as denúncias surgiram ela deu um voto de confiança ao ex-ministro Alfredo Nascimento.

- Nosso diálogo com o PR é um diálogo maduro, que já vem há muito tempo. É um partido muito fiel na base. (...) Porque teve nos seu seio pessoas que cometeram erros, você não pode condenar todo o partido. Outros partidos, inclusive o da presidente, já tiveram problemas. Estamos dialogando com várias lideranças do PR. Tudo está indicando que o partido continua na base. É um partido feito por gente idônea, por gente que quer, como nós, o bem do país - afirmou Carvalho.

Marco Aurélio foi na mesma linha:

- Até agora todos os partidos têm reagido com muita tranquilidade. Não tenho visto nenhuma manifestação no sentido contrário e acho que os próprios partidos, se têm pessoas que cometem mal feito, estão interessados em participar disso que vocês têm chamado de faxina.

* Enviada especial