Título: Medidas são vistas como primeiro passo
Autor: Beck, Martha; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 03/08/2011, Economia, p. 26

Empresários elogiam o plano, mas esperam que governo continue a dar novos benefícios

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O setor produtivo já começou a calcular os benefícios do Plano Brasil Maior, embora alguns digam que as medidas foram insuficientes. Para os representantes das indústrias de confecções, calçados, móveis e software, incluídos no plano piloto de desoneração da folha de pagamento, a política vai representar economia de custos. No setor calçadista, a estimativa é de redução de até 40% nos custos de produção, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

- A presidente demonstrou a necessidade da defesa contra o ataque das importações. Ela deixou claro que estas medidas se aprofundarão num futuro próximo - disse Milton Cardoso, presidente da Abicalçados.

Para José Luiz Diaz Fernandez, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimóvel), a desoneração dos 20% de contribuição patronal sobre a folha de pagamentos vai reduzir custos para a maioria do setor, intensivo em mão de obra. A tributação alternativa, de 1,5% sobre o faturamento bruto das empresas, segundo ele, só deve afetar a parte do setor que é altamente mecanizada:

- As grandes empresas, que têm alta mecanização, a princípio, devem pagar mais. Quem emprega mais, que é a maioria do setor, será mais beneficiado.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, as medidas deixaram o setor "bastante satisfeito". Seu colega da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), Paulo Godoy, destacou que é um passo para a competitividade.

- O governo está respondendo com medidas efetivas, consistentes, defendendo a indústria num momento em que todo mundo está se protegendo - emendou o vice-presidente da Embraer, Jackson Schneider.

Alta do real pode anular benefícios

Mas alguns representantes do setor afirmaram que as medidas são insuficientes para aumentar a competitividade dos produtos nacionais e parte dos efeitos será anulada pelo câmbio. Além de uma desoneração linear da folha e não apenas para quatro subsetores da economia, muitos pediram ações mais duras contra a invasão dos importados.

- Essas medidas seriam excelentes se estivéssemos numa temperatura normal. Como estamos com câmbio superapreciado e taxa de juros lá em cima, as medidas são inócuas. Não temos defesa contra os importados - afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto.

- Como medidas iniciais, são positivas. Mas nós precisamos, de forma linear, atender a todos os demais setores - disse presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, mesmo se dizendo satisfeito, vai pedir mais desonerações a setores como eletroeletrônicos e máquinas e equipamentos.

- Vamos apresentar outros que também precisam. (Paulo Justus, Adauri Antunes Barbosa, Geralda Doca e Martha Beck)