Título: Governo não se pautará por medidas midiáticas no combate à corrupção
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 03/08/2011, O País, p. 4

Dilma tenta acalmar ânimos no PMDB e no PP; PR cobra tratamento igual

BRASÍLIA. Antes de a oposição conseguir as assinaturas para a CPI do Dnit, e depois de ter dito que ficava triste com os casos de irregularidades apontados nos Transportes e no Dnit - e de ter demitido servidores suspeitos de corrupção -, a presidente Dilma Rousseff voltou a falar sobre o assunto, pregando mais cautela.

- Nós combateremos sistematicamente. O governo não irá abraçar nenhum caso de corrupção, mas o governo também não irá se pautar por medidas midiáticas no combate à corrupção. Nós combateremos efetivamente - afirmou a presidente, logo após o lançamento do plano Brasil Maior, a nova política industrial do governo, no Palácio do Planalto.

A declaração teve como objetivo acalmar os ânimos do PMDB e do PP - alvos também de denúncias de irregularidades nos ministérios da Agricultura e das Cidades - e evitar o que ocorreu com o PR, cujo senador Alfredo Nascimento deixou o Ministério dos Transportes depois de acusações envolvendo sua pasta. Ontem, em sua volta ao Senado, o ex-ministro disse ter sido abandonado por Dilma.

No setor de transportes, quase 30 já foram afastados desde a denúncia de um esquema de corrupção envolvendo a pasta. O caso deixou em maus lençóis o PR, que havia indicado Nascimento para o Ministério dos Transportes e preenchido a maioria dos cargos nas diretorias do Dnit com indicados seus.

No Senado, ontem, parlamentares do PR cobraram da presidente uma ação idêntica contra o PMDB e o PP.

Nesta semana, o PMDB e o PP, dois partidos que também dão apoio ao governo no Congresso, se envolverem em novas denúncias. O irmão de Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, deixou a diretoria da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) acusando o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, de ser conivente com um esquema de corrupção.

No caso do PP, o tesoureiro do partido, Leodegar Tiscoski, que trabalha no Ministério das Cidades, é acusado de liberar verbas para empreiteiras que tocam obras consideradas irregulares e com sobrepreço pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Em troca, as empreiteiras contribuíram para as campanhas do partido no ano passado.