Título: Desmatamento equivale à área de Recife
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 07/08/2011, O País, p. 19

Caatinga e cerrado são os mais destruídos pela carvão ilegal

BRASÍLIA. No total, 506 mil metros cúbicos de carvão foram negociados com a venda de autorizações falsas, uma movimentação estimada em R$65,7 milhões. Segundo o MP, o negócio gerou um prejuízo fiscal mensal de R$1,09 milhão para Minas Gerais.

Para o meio ambiente o prejuízo também foi alto. Pelo menos 18 mil hectares - uma área quase equivalente a Recife - foram desmatados sem autorização. Os dois biomas atingidos, cerrado e caatinga, são os mais ameaçados pela destruição de suas matas nativas. O primeiro já perdeu 48,5% de sua vegetação original, e o segundo, 45,3%.

- O principal dínamo do desmatamento da caatinga e do cerrado é a produção de carvão - aponta Barbosa.

Estima-se que o carvão responda por 30% dos custos de uma siderurgia na fabricação do ferro-gusa. Segundo o Código Florestal, as empresas são obrigadas a manter uma fonte de carvão, por meio de projetos de plantio de árvores (eucalipto e pinus, geralmente), ou contar com uma oferta legal de carvão de mata nativa. A maior parte das grandes empresas do ramo afirma em seus sites que tem preocupação ambiental.

Com relação ao caso da máfia do carvão, a Gerdau informou que foi autuada e recebeu uma multa de R$337 mil. A empresa disse ainda que está apurando quais irregularidades cometeu, mas que "não compactua com irregularidades em suas operações e atuará firmemente contra todos os fornecedores para evitar que situações como essa se repitam", disse por meio de sua assessoria, em email enviado ao GLOBO.

Outra empresa apontada como beneficiária do esquema, a Companhia Siderúrgica Pitangui alega que não teve acesso à documentação que embasa a denúncia.

- O problema está na origem, e não na ponta de consumo. Todo o carvão recebido pela Pitangui tinha documento legal expedido pelos órgãos responsáveis - garantiu Mauro Araújo, advogado da empresa.

O advogado da Sidermin também negou conhecimento de que o carvão consumido pela empresa tivesse origem ilegal. Segundo ele, é impossível saber se o carvão é legal ou não e que a fiscalização compete ao Ibama.

Também listada entre as que compraram carvão ilegal, a Siderúrgica Paulino (Siderpa) informou que ainda não foi notificada pelo Ibama. E que toda a sua produção é abastecida com carvão oriundo dos 23.000 hectares de florestas plantadas que possui.

Procuradas, a Metalsider, a Indústria Siderúrgica Viana, a AVG Siderurgia e a Sicafe Produtos Siderúrgicos não se pronunciaram sobre o caso. (Catarina Alencastro)