Título: Governo ainda estuda como atacar problema
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 28/07/2011, O País, p. 3

BRASÍLIA. Promessa de campanha eleitoral, o atendimento às vítimas do crack ainda é um projeto em estudo no Ministério da Saúde. A pasta promete criar este ano uma rede nacional destinada ao usuário de crack e outras drogas. Para isso, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tem conversado com governadores, prefeitos e secretários de Saúde. A ideia é ampliar e integrar a estrutura já existente, além de definir um protocolo para orientar os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre como acolher e tratar viciados. O protocolo pode sair em agosto.

A presidente Dilma Rousseff quer lançar a rede de atendimento junto com os resultados de uma pesquisa nacional sobre usuários de crack realizada pela Fiocruz. A divulgação estava prevista para 20 de junho, mas foi adiada. Uma das hipóteses é que isso tenha ocorrido para dar tempo ao ministério de articular a rede de assistência.

O levantamento da Fiocruz busca mapear quem e quantos são os consumidores de crack. Para Dilma, não faz sentido o governo divulgar uma radiografia do problema sem um conjunto de medidas para enfrentá-lo.

A pesquisa custou R$6,9 milhões e foi financiada pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), vinculada ao Ministério da Justiça. A ação faz parte do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e a outras Drogas, lançado em maio de 2010 pelo então presidente Lula.

Em um ano e dois meses, o plano pouco avançou. Em fevereiro, Dilma participou de solenidade para anunciar a criação de 49 Centros de Referência em Crack e Outras Drogas, em parceria com universidades públicas. O objetivo é capacitar 14 mil profissionais de saúde e dar assistência social para lidar com viciados e familiares. Ontem, a Senad não soube informar se os cursos já começaram.

O plano destinou R$410 milhões para vários ministérios. A Senad informou que recebeu R$100 milhões, dos quais R$80,2 milhões já foram empenhados.