Título: Teresópolis se vê, agora, sem dinheiro em caixa
Autor: Costa, Ana Cláudia; Lima, Ludmilla
Fonte: O Globo, 09/08/2011, Rio, p. 17

Prefeito interino vai pedir audiência a Cabral; empresário que denunciou esquema diz em CPI que pagou R$100 mil de propina

Em seu primeiro dia útil de trabalho, o prefeito interino de Teresópolis, Arlei de Oliveira Rosa (PMDB), anunciou ontem que o cofre do município está vazio e que vai pedir uma audiência com o governador Sérgio Cabral para discutir a reconstrução da cidade. Ele disse que que sua prioridade é o pagamento do aluguel social aos desabrigados e a reconstrução das casas devastadas pela tragédia de janeiro.

- Acabo de verificar que não temos dinheiro em caixa e a prefeitura está em dificuldades. É hora de arregaçar as mangas e trabalhar - disse Arlei, que se licenciou da presidência da Câmara dos Vereadores.

Depois de denunciar um suposto esquema de corrupção na prefeitura de Teresópolis, o dono da RW Construtora e Consultoria Ltda diz se sentir ameaçado. Ontem, o empresário depôs na CPI da Alerj que investiga as irregularidades denunciadas no rastro da tragédia da Região Serrana. Ele pediu proteção para si e sua família:

- Eu fui de livre vontade ao Ministério Público Federal fazer este depoimento. Fui porque o pagamento da dívida com minha empresa estava condicionado ao pagamento de propina a agentes da prefeitura - afirmou.

O empresário contou ter desembolsado R$100 mil em propinas antes ainda das chuvas e confirmou ter participado de uma reunião na Secretaria municipal de Planejamento de Teresópolis, na segunda quinzena de janeiro, quando teria sido discutido o aumento do percentual que deveria ser repassado a integrantes do governo. Em represália por não ter aceito o reajuste, o empresário contou ter deixado de receber R$2,1 milhões em pagamentos da prefeitura, sendo R$1,5 milhão de um contrato emergencial fechado após as enxurradas. Ao todo, estão sendo investigadas irregularidades envolvendo a aplicação de R$7 milhões do Ministério da Integração Nacional destinados às vítimas das chuvas em Teresópolis.

Arlei tirou o dia de ontem para se reunir com vereadores e colaboradores. O tema da reunião foi a escolha do novo secretariado que vai auxiliá-lo na administração nos próximos 90 dias. Terceiro prefeito de Teresópolis em menos de três dias, ele disse que vai manter parte dos colaboradores escolhidos pelo último prefeito, o vice Roberto Pinto, que morreu após sofrer um infarto na madrugada de domingo.

O secretário de Planejamento, Luiz Fernando de Souza, nomeado por Pinto, disse que continuará no cargo. Já foram nomeados também o novo secretário de Defesa Civil, Roberto Silva; o secretário de Fazenda, Emanoel Teixeira; a secretária de Desenvolvimento Social, Graça Granito; e o secretário de Segurança, Marcos Antônio da Luz. Para reduzir custos, o prefeito pretende extinguir algumas secretarias. Ontem foi ponto facultativo na cidade e a prefeitura fechou as portas.

Caso a comissão processante da Câmara decida cassar o prefeito afastado Jorge Mário, Arlei disse não descarta a possibilidade de se candidatar a prefeito. Nesse caso, haveria uma nova eleição, que pode ser direta ou indireta. A decisão depende de parecer das procuradorias da Câmara e da prefeitura.