Título: Pior sem ela
Autor: Vidor, George
Fonte: O Globo, 08/08/2011, Economia, p. 21

A indústria de transformação nem de longe é o maior empregador do país. Responde por cerca de 17% dos empregos formais. Mas é um segmento cuja atividade tem forte impacto sobre quase todas as demais áreas, da agropecuária aos transportes, da mineração à pesquisa científica e tecnológica, e assim por diante.

O efeito social e econômico do fechamento de indústrias é sempre bem visível em muitas cidades e regiões, como, por exemplo, nos subúrbios do Rio de Janeiro, que outrora abrigaram fábricas bem grandes, para os padrões da época. Em sentido inverso, a chegada de modernas indústrias, respeitadas as regras de preservação ambiental, revigora o seu entorno. É o que está acontecendo em Queimados, na Baixada Fluminense, ou em Resende e Três Rios, no Vale do Paraíba.

Qual indústria de transformação é capaz de competir se seu concorrente externo, sem mover uma palha, tem os produtos que oferece barateando, na moeda local, a cada semana? A Suíça, país riquíssimo, não aguentou o tranco e saiu em defesa da sua moeda, o franco, porque não deseja que a indústria de transformação desapareça de lá.

Enquanto o Brasil não tiver taxas de juros razoáveis, o real ficará exposto a uma valorização indesejável. Desse modo, é compreensível que o governo tenha adotado medidas específicas de apoio - algumas permanentes, como a desoneração da folha de pagamentos - e outras temporárias (redução de impostos) aos segmentos mais vulneráveis aos efeitos do câmbio valorizado.

Se o consumidor então será punido, essa é uma pergunta difícil de ser respondida ex ante, como os economistas gostam de dizer. Mas, por hipótese, se os competidores internos desaparecem, os preços de produtos importados continuariam em queda? De fato, o apoio à indústria brasileira só fará sentido se isso assegurar que a concorrência continuará existindo, sem que nenhum dos lados desapareça.

Pietro Erber, presidente da associação criada para estimular o uso de veículos elétricos e híbridos - em prol da eficiência energética e de outros ganhos para a sociedade - observa que quase não se fala da adoção desse modelo em motocicletas. No entanto, relativamente as motocicletas poluem o ar bem mais que automóveis ou ônibus, e o crescimento da frota de veículos de duas rodas é da ordem de 26% ao ano. Segundo ele, se ao menos a indústria produzisse e as autoridades incentivassem o uso de motocicletas elétricas pelos entregadores, já se obteria um razoável avanço na redução das emissões de gases poluentes.

Mas para uso profissional de motocicletas elétricas seria necessário que os pontos de partida passassem a contar com tomadas para carregamento das baterias dos veículos. Um outro problema é que mesmo as baterias mais modernas (de lítio) duram de três a quatro anos em veículos que rodam muito.

No regime especial aprovado para licitações que envolverão a Copa do Mundo no Brasil os parlamentares não previram o seguro de garantia, instrumento fundamental para proteger tanto o contratante, como os fornecedores e as empreiteiras, até a conclusão das obras. O seguro é prático e ágil, pois não exige que os contratados tenham de fazer previamente depósitos ou negociar fianças bancárias (que imobilizam parte de seu patrimônio).

O mercado de seguro de garantia no Brasil já movimenta cerca de R$780 milhões por ano. Uma variante desse seguro é a que protege exportadores, especialmente os de produtos manufaturados. O mercado desse tipo de seguro é pequeno e por enquanto atraiu apenas duas seguradoras especializadas no ramo (uma francesa, a Coface, e a Cesce, grupo espanhol que tem maioria de capital estatal, e cuja estratégia no setor é montar uma rede de seguros de exportação na América do Sul).

O projeto da linha 3 do metrô do Rio, que ligará São Gonçalo e Niterói, ficou pronto e, segundo o Secretário de Transportes do Estado, Júlio Lopes, dará orgulho. Os trens circularão em linhas suspensas, apoiadas em pilares desenhados por Oscar Niemeyer, seguindo o mesmo trajeto de uma ferrovia que está desativada e e que, por isso mesmo, teve parte de suas margens ocupadas por construções. Parece que agora o projeto sairá mesmo do papel, pois o financiamento da obra já está em fase de negociação.

A linha 3 do metrô não impedirá que São Gonçalo passe também a contar com uma estação de barcas. No porto que a Petrobras vai construir, para receber equipamentos do Comperj (refinaria e polo petroquímico) haverá uma estação de passageiros. A ligação desse porto, na Baía de Guanabara, com o Comperj, em Itaboraí, será por uma via expressa rodoviária de poucos quilômetros (que substituirá um antigo ramal ferroviário, hoje desativado), trajeto que ônibus poderão percorrer em dez minutos. De São Gonçalo para a Praça XV, no Rio, a viagem por barca, cruzando a Baía de Guanabara, deve durar cerca de 45 minutos.

Ainda na área de transportes públicos, dentro dos projetos que antecedem a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a Avenida Brasil ganhará um BRT, via expressa para ônibus articulados. O BRT será no atual canteiro central na avenida. As estações ficarão em passarelas suspensas, bem maiores que as atuais, usadas somente para travessia de pedestres. Muitos dos ônibus comuns serão retirados de circulação, e acredita-se que até 20% dos automóveis também deixarão de utilizar a Avenida Brasil diariamente, em função da rapidez e do conforto prometidos para os BRTs. A obra deve durar dois anos.

A gangorra nos preços das ações nas bolsas é sempre um risco para pequenos investidores. Nesses momentos, o melhor é não cair em tentações e ter paciência, esperando o tempo passar.