Título: Secretário do Tesouro dos EUA tem seu dia do fico
Autor: Eichenberg, Fernando
Fonte: O Globo, 08/08/2011, Economia, p. 19

Para analista, saída seria vista como negativa

Da Bloomberg News*

WASHINGTON. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, figura central do governo nas negociações sobre a elevação do teto do endividamento federal, disse ontem ao presidente Barack Obama que pretende ficar no cargo, segundo uma porta-voz do Tesouro. Ele havia dito que pensava em deixar o governo após fechado o acordo sobre a dívida. Geithner é o remanescente da equipe econômica original de Obama.

"O secretário Geithner informou ao presidente que pretende manter sua posição no Tesouro", afirmou em nota a porta-voz do departamento, Jenni LeCompte. "Ele aguarda ansiosamente para enfrentar os desafios à frente de nosso grande país".

Também em nota, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que Obama queria a permanência de Geithner e ficou satisfeito com a decisão de seu secretário.

- Sua saída seria vista como negativa, após o rebaixamento pela S&P - disse Drew Matus, economista sênior do UBS Securities.

Segundo o jornal "The Washington Post", no entanto, Geithner teria comunicado sua decisão a Obama na manhã de sexta-feira, antes de o rebaixamento da classificação dos EUA pela Standard&Poor"s vir a público. Ontem, o secretário participou da teleconferência do G-7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo) para discutir a crise.

Pela frente, Geithner terá como desafios diminuir o desemprego, hoje em 9,1%, trabalhar com o Congresso para reduzir o déficit orçamentário e colaborar com os líderes europeus, às voltas com a crise da dívida na zona do euro.

Antes de assumir o Tesouro, em janeiro de 2009, Geithner comandava o Federal Reserve Bank de Nova York, onde participou do resgate a bancos como Citigroup e Bank of America. Ele também participou das discussões sobre o destino do Lehman Brothers, cuja falência, há quase três anos, precipitou o mundo numa crise financeira. Isso alimentou as críticas de conservadores e republicanos.

- Ele tem uma longa carreira no socorro ao "grande demais para quebrar" - disse Mark Calabria, diretor do Cato Institute.

(*) Com agências internacionais