Título: Dilma pede desculpas a centrais sindicais
Autor: Barbosa, Adauri Antunes; Beck, Marta
Fonte: O Globo, 05/08/2011, Economia, p. 28

Presidente se reúne com trabalhadores e se compromete a avaliar suas reivindicações

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff fez um gesto de aproximação e participou ontem de reunião na Secretaria Geral da Presidência com centrais sindicais, que se recusaram a participar do anúncio, terça-feira, da nova política industrial. No encontro, segundo sindicalistas, Dilma se desculpou pelo fato de o governo não ter discutido a questão amplamente com os trabalhadores e se comprometeu a avaliar reivindicações.

As centrais não gostaram de terem sido apresentadas à política industrial apenas na véspera do anúncio, pois tinham várias demandas a encaminhar. Estiveram presentes os ministros da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, da Fazenda, Guido Mantega, e Desenvolvimento, Fernando Pimentel.

- Foi uma surpresa o aparecimento da presidente na reunião - disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical.

As centrais sindicais aceitaram o pedido de desculpas, mas querem que o governo coloque em prática a sugestão delas de manter câmaras setoriais, com participação paritária, nas 25 cadeias de produção. Dilma prometeu atender.

- A presidente garantiu mudança no tratamento às centrais - completou Paulinho.

Dilma permaneceu cerca de 40 minutos no encontro e expôs o plano Brasil Maior. Segundo Wagner Freitas, tesoureiro da CUT, ela disse que o governo lutará pela industrialização do país.

Os sindicalistas criticaram a fixação da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que passou a incidir nas aplicações contra o dólar no mercado futuro, anunciada na semana passada, em 1%. Para eles, esse percentual é pouco. Dilma não concordou.

Os representantes sindicais propuseram que a exigência de conteúdo nacional que pautará a preferência nas licitações públicas seja extensiva à cadeia produtiva como um todo, para uso de outros benefícios federais. Dilma anotou.

Mantega disse que o governo corrigirá o Supersimples "acima da inflação" - passando o teto de R$2,4 milhões a R$3,6 milhões. Dilma enviará projeto de lei complementar à Câmara na próxima terça-feira.