Título: Dobra a taxa de mortes
Autor: Moraes, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 24/08/2009, Brasil, p. 10

Em 10 dias, nível de mortalidade da nova doença salta para 0,18 no Brasil

Apesar do dado, Uip diz que doença pode estar recuando no Sul

A taxa de mortalidade da Influenza A (H1N1), conhecida como gripe suína, no Brasil dobrou em menos de dez dias, conforme dados oficiais do Ministério da Saúde. De acordo com o último boletim epidemiológico, divulgado em 18 de agosto, o país aparece com 0,18 óbitos para cada 100 mil habitantes, contra 0,09 registrado no levantamento de 12 deste mês. O ministério confirma 368 mortos pelo novo vírus. Se consideradas as informações oficiais de secretarias municipais e estaduais de Saúde, que contabilizam 488 óbitos, a taxa de mortalidade quase triplicou: 0,25 por 100 mil habitantes.

Com o avanço da doença nesse curto período, o Brasil é 10º lugar no ranking dos 15 países com a maior taxa de mortalidade pela nova doença, segundo números do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças atualizados até ontem. Há duas semanas, estava na décima quarta colocação. O ranking é liderado pela Argentina, que tem 439 mortes confirmadas e taxa de mortalidade de 1,08 para cada 100 mil habitantes (veja no quadro). Os Estados Unidos têm mais mortes em números absolutos: 522, segundo dados oficiais, à frente de Brasil e Argentina.

No início da pandemia, o Ministério da Saúde acompanhava a proliferação do vírus com base na taxa de letalidade, que compara o número de mortos ao de infectados. Mas depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu, em 16 de julho, que não era mais possível contar os casos, o governo passou a trabalhar com a taxa de mortalidade, que leva em conta a quantia de óbitos e a população. O ministério argumenta que o índice é um parâmetro eficaz para saber se a nova doença está causando mais mortes aqui do que em outros países.

Em 12 de agosto, a taxa de mortalidade do Brasil só não era menor que a do Reino Unido, cujo índice era de 0,06, entre as 15 nações. Agora, o país já está à frente de Estados Unidos, Tailândia, México, Reino Unido e Índia. ¿É preciso ver esses dados com cautela¿, afirma o infectologista David Uip, diretor do Instituto Emílio Ribas. ¿Muitas vezes a comunicação do óbito demora porque depende do resultado do exame, o que pode explicar esse rápido aumento nas confirmações¿, acrescenta.

Apesar disso, o especialista diz que, pelo fato de o vírus ter chegado ao Brasil no início do inverno, o avanço da mortalidade não é uma surpresa ou resultado de omissão dos órgãos de saúde. ¿Foi no pior momento porque juntou o frio e a disseminação de um vírus novo. Infelizmente, esperávamos que isso acontecesse.¿ Segundo o infectologista, os números indicam que a doença pode estar recuando, especialmente no Sul e no Sudeste. Mas ele reforça que ainda é cedo para afirmar que o pico já passou.