Título: PT considera que Jobim faltou com o respeito
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 05/08/2011, O País, p. 11

Líderes criticam "indelicadeza" com Dilma

Os petistas ficaram revoltados com as críticas do então ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao governo e, em especial, às ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais). No encontro da executiva nacional do PT, ontem, no Rio, as lideranças do partido consideraram as declarações de Jobim "inaceitáveis", "uma indelicadeza" com a presidente Dilma Rousseff.

O presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, disse que o partido "não admite" o tratamento que Jobim dispensou às ministras petistas, que considerou desrespeitoso e "com um componente machista":

- Eu me incorporo à declaração do (ex-presidente) Lula: até o Pelé, quando jogou mal, foi substituído. Jobim não foi desrespeitoso só com as nossas companheiras ministras, mas com a própria presidente. Isso não é crítica política.

Enquanto corria nos bastidores do encontro o burburinho da queda do ministro, as lideranças petistas faziam suas apostas sobre os possíveis substitutos. O deputado Aldo Rebello (PCdoB-SP) foi um dos nomes mais comentados para novo ministro. Mas houve quem sugerisse o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB).

- Acho que a solução é o José Alencar da vez - disse um dos líderes petistas, que não quis ser identificado, referindo-se ao ex-vice-presidente que também assumiu a Defesa no governo Lula.

O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (PT), afirmou que Jobim criou uma situação constrangedora para seu partido, o PMDB, e disse que uma eventual demissão de Jobim não resultaria em crise com os peemedebistas. Para o líder do PT, as declarações de Jobim à revista "Piauí" "dificultaram sua convivência com os ministros e com a própria presidente".

- O ministro vem mostrando falta de identidade com o governo, dando declarações cada vez mais polêmicas. Ele dá sinais de cansaço, de querer sair (do governo). Essa situação não afeta a relação do governo com o PMDB, mas tensiona a relação dele com seu partido.